sempre defendi livros de contos ou romances curtos para férias.
esta semana de férias fui acompanhado por estes dois pequenos volumes:
os nove contos, do salinger é um livro fascinante.
9 pequenas histórias (esta forma de falar nos contos pela extensão, vem-me dum jornal municipal lido nas férias que fala duma exposição de pintura 'onde predominam os azuis, os verdes e os amarelos') contadas de um modo simples, mas deslumbrantemente bem escrito.
histórias desconcertantes e divertidas. quase sempre com finais imprevisíveis, comoventes... tudo como devem ser os contos.
algumas pérolas: 'um dia ideal para o peixe-banana', 'o homem-gargalhada' e 'para esmé com amor e sordidez'
um livro absolutamente a ler, numa tradução e revisão cuidadas.
eu sempre gostei muito do hemingway.
sempre me fascinou a aura à volta da sua vida (mesmo odiando touradas e não sendo amante de caçadas).
estes 'contos de nick adams' são uma espécie de companheiro de vida do hemingway. escreveu-os ao longo da sua carreira, e sempre com aspectos autobiograficos.
desde os locais de nascimento e filiação aos acontecimentos vividos, tudo aquilo é a vida do hemingway.
a particulariedade destes contos, em oposição aos do salinger, é que aqui nenhuma história verdadeiramente acaba: é como se, momentâneamente, abrisse uma janela na sua vida e a descrevesse. não interessa o que aconteceu antes, nem o que vai acontecer a seguir.
são duma naturalidade impressionante. como se estivessemos perante um amigo do peito a contar o que fez nas suas férias ou durante a guerra, ou durante a infância. nada de conclusões. nada de 'moral da história'
o pior nesta triste, horrorosa, amadora (no sentido de não cuidada) edição é que é, provavelmente o livro com a pior revisão da história (o que leva a questionar se a tradução é má ou a culpa é da composição e revisão).
nunca vi tal amontoado de virgulas a esmo, gralhas do estilo 'ir com a cama de pesca' (por 3 vezes), calçar as meias de lá (o que até nem é uniforme porque no conto seguintes as meias já são peúgas... de lã); dos em vez de dois; ma em vez de na; a quebra de linha a ser feita... a meio da linha (por várias vezes).
quando eu era adolescente a 'vivia' pelos jornais do bairro alto (ao tempo os livros do brasil também ainda era por lá, na rua dos caetanos) os revisores tinham uns textos com toda a espécia de gralhas para exemplificar os diversos tipos de correcções. este livro bem podia substituir aquela folha...
por muito que adore o hemingway...estou a ponderar seriamente o pedido de devolução do dinheiro à editora ou a substituição desta miserável edição.
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