'eu tinha vinte anos e não permitia a ninguém que dissesse ser essa a mais bela idade da vida.
tudo ameaça a vida de um jovem: o amor, as ideias, a perda da família, o ingresso entre os grandes. é muito duro obter a sua parte no mundo'
(paul nizan, aden-arabia)
todos os dias o vejo a vaguear entre a praça, o chafariz, os cafés da zona.
anda pelos 20's
magro, barba rala não feita. alto.
bem parecido, se lavado e tratado.
anda depressa, como se ande a fugir de alguma coisa.
olhar em frente, como se transbordasse confiança.
costuma falar baixo sozinho frases ininteligíveis.
hoje quase grita em surdida.
'-mas porque é que há tanta maldade no mundo?'
'-mas como podem fazer tanto mal a uma pessoa?'
olhei para ele e o olhar dele não afrontou o meu como de costume.
olhava mais para baixo.
quase chorava, ou chorava mesmo.
continuava em passo apressado como se fosse para algum lugar ou a fugir de um outro.
acho que foge dele mesmo.
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