Queria lembrar simplesmente a Teresa Roby.
Uma mulher de uma força e olhar como nunca vi. Em cena e sem ser em cena.
A voz rouca mas doce, quando era adequado sê-lo.Os olhos iluminavam tudo, eram um clarão. Intimidavam. Não era uma mulher fácil de ser gostada. Dizia tudo o que lhe apetecia.
Vi-a pela primeira vez na Paixão segundo Pasolini, do La Feria.
Nua, cheia de arranhões e nódoas negras. Cansada mas ali. Sem medo de nada. Das melhores actrizes que vi em teatro.
Mais tarde no Teatro do Bairro Alto, de que nem sei o nome, fumava com os colegas num terraço dum arranha céus. profética essa peça.
Conheci-a dos expressos: teve um marido e fez teatro em Leiria. E um filho. E alguns filmes e televisão.Depois em casa de amigos reconheci-a de novo de passagem. Os cães dela. A voz não esquece.
Muitas vezes à noite encontrava-a. No dito Bairro.
Dureza e ternura por vezes aliam-se.
Queria lembrá-la porque me enerva que ninguém a lembre. Mas está viva. Aqui.
foi até ao fim.
Eu recordo-a. A morte nem sempre é um fim acabado.No caso dela, nunca o será.
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