11 de janeiro de 2006

da legalidade, da ética, da espinha e de outras coisas que não vêm ao caso



o doutor pina moura foi ministro.
enquanto ministro, o doutor pina moura, tutelou a área da energia.

o doutor pina moura dirige agora a operação da iberdrola em portugal.
a iberdrola opera na área da energia, anteriormente tutelada pelo doutor pina moura.


estes são os factos.

legalmente, não existe nenhuma incompatibilidade entre o cargo governativo anteriormente exercido pelo doutor pina moura e o cargo empresarial por ele agora exercido.

a lei é omissa quanto ao facto, o que torna o acto legal.

nos últimos tempos tem parecido que todos os políticos anseiam por ser ex-políticos.
todos sabemos (mas poucos temos coragem de assumir) que os salários dos políticos são baixos relativamente aos que pagam as empresas.
por via disso, só temos segundas escolhas na política, ou primeiras escolhas em trânsito para o mundo empresarial.
o doutor santana lopes chegou mesmo a afirmar, aquando da sua saida do governo, que iria trabalhar para uma grande empresa, aproveitando os seus contactos como primeiro ministro. honesta a confissão, mas que lhe ficaria bem algum recato, não tenhamos dúvidas.

mas o que se passa com o doutor pina moura é um caso singular.
não só teve responsabilidades governativas, como neste momento é deputado.
não se trata portanto de um ex governante clássico que trocou a política pelos euros.
ainda está na politica activa.

o doutor pina moura foi durante muito tempo apontado como delfim de álvaro cunhal.
era ele que se achava que lhe sucederia como secretário geral do pcp.
o seu abandono do partido é que levou ao sub-delfim carvalhas.

após a sua saída o pcp acusou-o de oportunista e se desviar da linha do partido.
sempre achamos que os partidos exageram quando alguém o abandona.
palavras proféticas, no entanto.

o doutor pina moura mostra-se um escravo dos euros.
alguém que não se nega a caminhos, por mais tortuosos que sejam, para conseguir os seus objectivos e para melhor servir os que lhe pagam.

este caso não apresenta nenhuma ilegalidade.


mas não existe nenhuma lei que defina a norma para a ductilidade máxima permitida das espinhas.

infelizmente

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