A cidade palpita a cento e vinte pulsações por minuto.
O trânsito do costume. Já está frio suficiente para andar tudo novamente carregado de roupas de marca.
Os universitários todos escolheram compraram vestiram propositadamente estas roupas para estes dias. Foi a sua decisão mais antecipada, melhor planeada. A roupa é de facto para muita gente o mais importante, a única coisa que não pode ser deixada um milímetro abaixo do horizonte da nossa satisfação (a deles, através dos outros).
Funcionários públicos chegam devagar ao almoço, chegaram calculadamente atrasados aos guichês, queixar-se-ão depois de almoço, chegarão nova e habitualmente atrasados a qualquer lado em que ficam sentados, sairão mais cedo como é costume, ... (carrocel)
Oh! Uma pessoa concreta!: respira ao mesmo tempo que anda, tem as calças demasiadamente (que lei foi essa?) para cima, sorri ao contemplar o vazio do ar que enche este lobi. Há ali outra pessoa concreta, mas como tem mais quinze anos do que a sua biologia lhe afirma (não, já não lhe afirma) deixou de ser concreta para mim. É uma mancha bidimensional aposta à atmosfera menos rarefeita que ela.
Vou esconder-me atrás dum livro. Luxo. Ou melhor, vou fechar-me debaixo destas páginas e desaparecer (espero que ninguém leve o livro!...).
(O meu amigo está atrasado e com isso provoca-me um acréscimo discreto de fome).
13:17
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