28 de junho de 2005

Ensaio sobre a tolerância (e sobre o Barnabé)

Primeiro que tudo, a definição: o que é que se entende por tolerância?
Indo aos dicionários, podemos encontrar: qualidade de tolerante; acto ou efeito de tolerar, isto é, de admitir sem reacção agressiva ou defensiva; atitude que consiste em deixar aos outros a liberdade de exprimirem opiniões divergentes e de viverem em conformidade com tais opiniões; condescendência ou indulgência em relação a erros ou falhas; boa disposição dos que ouvem com paciência opiniões opostas à sua.

E aqui está quase tudo dito…
A tolerância não implica concordar ou apoiar, incondicionalmente, qualquer tipo de pensamento ou comportamento, por mais adequado que pareça ser. A tolerância implica, pelo contrário, ouvir com atenção uma ideia diferente da nossa e aceitar, sem rejeição, um tipo de comportamento diferente do nosso, por mais absurda que pareça ser.
A tolerância não implica acreditar que existe um modo de pensar mais correcto, ou mais justo, do que todos os outros. A tolerância implica, pelo contrário, saber que a certeza ou verdade absoluta não existe e que a razão não mora, geralmente, em nenhum dos lados.
A tolerância não é uma característica intrinseca de nenhuma corrente política, nem é propriedade da chamada "esquerda". A tolerância é uma característica indívidual, é um atributo do racionalismo e do humanismo.

E aqui chegamos à segunda parte do post…
O Barnabé é (ou foi?) o blog político – de esquerda - que mais se destacou nestes últimos dois anos. Ao contrário do que dizem, o que unia os seus autores não era uma total concordância ideológica – sempre existiram diferentes sensibilidades. O que os unia era o facto de serem amigos (e isto é importante, porque é muito mais fácil ser tolerante com os amigos…) e de fazerem oposição ao governo de direita. Com a subida do PS ao governo e a entrada de novos postadores estas duas últimas características desparareceram, mantendo-se a heterogeneidade ideológica.
E aí surgiu, em força, uma característica da "esquerda" moderna": a presunção de alguma superioridade moral e intelectual, sobre quem pensa diferente. E aí manifestou-se a intolerância de um dos fundadores do blog, o Daniel Oliveira.

PP: Eu sou tolerante, acredito no aforismo de Terêncio: eu sou homem e nada do que é humano me é estranho.

PPP: Gostaria do ouvir algumas pessoas – e não estou a falar do blog – a discorrer sobre se o que aconteceu na Galiza, acontecesse em sentido contrário: o partido mais votado não formar governo.


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