Dias assim

Apesar de tudo, e do que eu disse ontem, existem dias assim. Estamos mesmo no meio dos dois meses do ano de que eu mais gosto: o dias estão claros, cheios de novos cheiros e de um calor ameno, já largámos, de todo, as velhas malhas e blusões e passámos a andar, soltos e leves, de camisa ou t-shirt.
Pela manhãzinha, comida a papa Nestum, vou até à varanda, sento-me, acendo um cigarro e fumo-o. Corre um brisa fresca, vinda do mar com sabor de algas, as árvores ondulam e, por todo o lado, a passarada chilreia. À noite, na mesma varanda, sente-se uma brisa quente que nos abraça e afaga (suão, chamavam-lhe em Portalegre), a quietude e o silêncio envolve-nos. O cigarro requer uma bebida…
Sim, são estes os melhores dias, dos meses que mais gosto. Antes de chegar Julho e Agosto, de chegar o calor insuportável, de chegar o suor que brilha na testa, que escorre nas costas, que ensopa as cuecas. Antes de chegarem as hordas dos bárbaros!

E depois, acontecem sempre coisas boas…

Ontem, a Gena ganhou o 1º prémio - alunos do 3º ciclo e referente ao concelho de Faro - do 1º Concurso Litarário Infantil e Juvenil do Algarve, com um conto subordinado ao tema "O mar, a viagem". Gostei muito do conto dela e acho (sem nada que me tolde um bom juízo…) que tem uma imaginação fora do vulgar e uma escrita fácil e cativante. Passou à fase regional e vamos esperar para ver o que acontece. Se ganhar, pode receber um computador portátil XPTO. Propus-lhe logo que lha dava o meu velho portátil – comprado em segunda mão – para o quarto dela e o novo, o XPTO, ficava para "uso familiar". Torceu o nariz, não sei bem porquê…
Depois da entrega dos prémios assistimos a uma peça de teatro "Três Versões da Vida", pelo grupo de teatro Tapete Mágico, da Escola Secundária Pinheiro Rosa. Acabou por ser giro e, a meio da encenação, segredava-me o Manel "Hiiii... dizem estes palavrões à frente dos professores…"
Enfim, somos uns pais muito babados: a Gena vence concursos literários e e Manel ganha taças de futebol. Que se pode querer mais?



Também ontem, jogou a Selecção de Portugal. Deu um bailinho de bola nos Eslovacos que deu gosto de ver e tem, escancaradas, as portas do mundial… Alemanha, aí vamos nós! Esta selecção, em certos dias, em certas circunstâncias, pratica um futebol quase prefeito. Esta selecção, em certos dias, em certas circunstâncias, é a melhor selecção do mundo.
E quanto mais maduro vou ficando, mais se acentua uma certa característica: com o Benfica sofro, com a selecção emociono-me! (... confirma-se, sou piegas...) Ontem, durante uma hora e tal, rejuvenesci um ano, voltei a junho de 2004 e voltei a pensar: como foi possível perder com aqueles marrecos dos gregos…
Nota(s) importante(s): dos onze jogadores titulares, apenas três jogam em Portugal… é sintomático. E com as substituições, as coisas apenas se equilibraram ligeiramente. Dos quatro jogadores da defesa, três passaram pelo meu clube, sem honra nem glória, sem sequer um lugar na história. O que é que aquele clube faz aos jogadores que por lá passam?

In O Jogo