20 de abril de 2005

os poetas do repente

talvez por ter recorrido ao jornalista orlando tejo para os belíssimos poemas do paraibano que coloquei ali para baixo;

talvez por o orlando tejo ser um dos maiores estudiosos do repente;

talvez por eu gostar imenso dos repentistas;

talvez por eu ser um chato incorrigível;

aqui vai um peça de uma dos maiores nomes do repente nordestino, mestre do absurdo e iconoclasta de primeira água, zé limeira (1884-1954):


O Marechal Floriano
Antes de entrar pra Marinha
Perdeu tudo quanto tinha
Numa aposta com um cigano
Foi vaqueiro vinte ano
Fora os dez que foi sargento
Nunca saiu do convento
Nem pra lavar a corveta
Pimenta só malagueta
Diz o Novo Testamento!

Pedro Álvares Cabral
Inventor do telefone
Começou tocar trombone
Na volta de Zé Leal
Mas como tocava mal
Arranjou dois instrumento
Daí chegou um sargento
Querendo enrabar os três
Quem tem razão é o freguês
Diz o Novo Testamento!
(...)

Quando Dom Pedro Segundo
Governava a Palestina
E Dona Leopoldina
Devia a Deus e o mundo
O poeta Zé Raimundo
Começou castrar jumento
Teve um dia um pensamento:
“Tudo aquilo era boato”
Oito noves fora quatro
Diz o Novo Testamento!


de tal modo o zé limeira criou estilo, que muitos repentistas comneçaram a cantar ao seu jeito e em sua homenagem...

aqui vai um pedaço de um despique repentista:

Ivanildo Vila Nova:

Rei Davi foi deputado
Na Assembléia do Acre
Kruschev fez um massacre
Nas traíras de Condado
Jesus Cristo era cunhado
De Romano do Teixeira
Escreveu A Bagaceira
Mas se esqueceu do bagaço
Eu querendo também faço
Igualzinho a Zé Limeira

Severino Feitosa:

Confúcio foi na Bahia
Pai-de-Santo e curandeiro
Anchieta era pedreiro
No farol de Alexandria
Hitler nasceu na Turquia
Vendia manga na feira
A Revolução Praieira
Degolou Torquato Tasso
E eu querendo também faço
Igualzinho a Zé Limeira



se voltar a estar particularmente chato e irritante, prometo voltar a esta minha paixão.

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