19 de abril de 2005
"Há uma barulheira infernal no mundo, queria entender uma palavra."
Vergílio Ferreira é o meu escritor de eleição. Tenho lido livros com ideias e enredos muito inteligentes, Lullaby, e Philip K. Dick. Mas não consigo esquecer o fascínio que tenho por tudo o que Vergílio Ferreira escreveu.
Devia ter uns 17 anos quando li a Aparição, e achei logo que é um livro para ser entendido no sentir, e não na visão que nos dão na escola. Não me admira que poucas pessoas gostem do livro no 12º ano, não há paciência para as insistências na simbologia, e a verdade é que o tema é pesado e profundo, requer outras palavras e outra experiência. Não dá para sentir aquele livro nas aulas, e por isso a essência fica sempre ignorada. E os jovens são maioritariamente estúpidos, inconscientes, cegos para estas coisas. Só sabem falar mal dos professores e beber. Lerdos.
Entretanto li Manhã Submersa, Em Nome da Terra, e depois comecei a expandir horizontes e li muitas outras coisas de outros autores, especialmente estrangeiros. E esta semana que passou fiz um "Vergilio Ferreira: Revisited" e pus-me a ler o Para Sempre.
E é abusivo. O que ele faz com as palavras. Porque às vezes não é só o que as palavras querem dizer, mas o que elas criam quando articuladas assim em frases, parágrafos. Ele usa tão bem este poder além-palavra, que mesmo que eu não perceba o significado de um parágrafo, há qualquer coisa que ainda assim exala da folha. Isto, para mim, ultrapassa ter grandes ideias. Porque essas ideias e esse enredos soam um bocado artificial em comparação. Podem ser complexas, ao mesmo tempo coerentes, originais, bem construidas, autênticos códigos da vincis, mas falta-lhes... uma alma. Para Sempre é o relembrar de uma vida até à morte, uma vida comum como a nossa, mas...
Bom, estão a ver a coisa?
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