22 de abril de 2005

E os vencedores do prémio de posts preferidos da Maria Leia Organa são:



Rufam os tambores


A apresentadora pigarreia



Em primeiro lugar e empatados estão

este post do Carlos


um dia não são dias...

hoje (dia 20) é o dia mundial do refugiado vi isso agora num daqueles canais de nomes estranhos que não decoro quando li o post do g2 a propósito do Aristides Sousa Mendes não pude deixar de me lembrar as minhas duas experiências com campos de refugiados.
esta notícia levou-me a escrever este post a primeira experiência foi em Jerusalém, junto ao monte das oliveiras. Por razões que têm a ver comigo e a minha vontade de não deixar de visitar os locais que me avisam para não o fazer, decidi visitar e atravessar aquele campo de refugiados. A qualidade de vida daquela gente, as metralhadoras apontadas na colina em frente, o arame farpado á volta.. e o sorriso que ia recebendo como cumprimento enquanto atravessava aquele campo deixaram-me uma sensação de culpa muito incómoda (afinal, estava instalado 'do outro lado'). sensação ainda aumentada depois do interminável inquérito do exército israelita quando cheguei a um 'check point...
sentir que a separação vai ao ponto daquela gente ter as chapas de matrícula de cor diferente.. para serem melhor identificados á distância...
A segunda, foi depois de chegar de um passeio de barco a uma ilha na costa sul do Quénia.o porto de saída não foi o mesmo da chegada.... por isso não estava de todo á espera do que me esperava.um enorme amontoado de barracas de lona e pessoas esfomeadas e tristes e abandonadas que faziam aquele campo de refugiados de zanzibar...
atravessar aquele longo campo depois de um confortável passeio a uma ilha e antes
de entrar no autocarro que me levava de regresso ao hotel de luxo, é uma espécie de longo murro no estômago e no corpo todo seja pelo que for, nenhum daqueles grupos de pessoas tem um qualquer Aristides Sousa Mendes que os ajude a atravessar a porta da liberdade (talvez mesmo algum filho de algum dos que atravessaram a porta da liberdade com o Aristides Sousa Mendes.. esteja agora a fechar essa mesma porta aos que estão no sopé do monte das oliveiras.. e noutros montes perto, ou longe....) se ver um campo de refugiados na televisão não é agradável e atravessar um, não é fácil de todo.... ter que viver lá é um inferno


e este do Ricardo

Lisboa Só

Não, Lisboa ainda não é uma amesterdão em que as pessoas encontram-se para ter sexo sem dizer o nome e não chegam depois a dormir juntas. Lisboa é de grupos de pessoas, a dois no mínimo. Mas há aquela figura estranha a dizer adeus ao pé do Monumental. Quem é ele? Não, não me respondam!: não quero a verdade que veio numa dessas revistas! Deixem-me as revistas só para quando eu for ao médico (ou às radiografias, o que é quase a mesma coisa). O que faz uma pessoa em pose a dizer adeus? Quer ser famoso e lembrou-se de armar em esquisito? A teoria será esta: quer passar por figura popular pois se for popular então não pode ser só, por definição. É isso que ele quer: não ser só. Um cientista em Lisboa fez a experiência (há bocadinho mesmo): dizer-lhe adeus quando ele menos esperava. É verdade, atirei-lhe um adeusinho de dentro do carro sem ele dar pelo início do gesto, quando compreendeu já o adeus lhe tinha poisado. Então veio a prova, a evidência: ele apanhou o adeus como se fosse precioso e replicou-o de uma forma autêntica. Um adeusinho só é precioso se se for só...


e dos que eu escrevi

Escolinha

De bibe castanho e branco feito pela minha avó e amuadíssima, lá fui eu para a escola primária, para a sala da dona Mariazinha.
Estava revoltada porque em vez continuar a passar os dias a brincar, ia começar a ter que passar as tardes na escola. É claro que odiei a escola, estavam lá as minhas amigas todas, mas não podíamos sair e ir passear para o campo como fazíamos antes, as cadeiras de madeira eram desconfortáveis e a sala era fria.
A professora era rígida e ríspida sempre com a régua comprida em riste, berrava muito mas não sei porque carga de água engraçou comigo.
Sim, eu, a menina que se esquecia que estava numa sala de aulas e começava a falar alto com as amigas; a que inventava dores de barriga dolorosas quando tinha aulas de picotar (a manha aguentou-se até o meu pai começar a desconfiar).Dos tempos da primária lembro-me acima de tudo que odiava as aulas de picotar e de desenhar, de gostar imenso de ler e fazer contas, e de me ter enganado na récita da escola:

A barata diz que tem
Um sapato de fivela.
É mentira da barata
O sapato é da mãe dela.
Ha! Ha! Ho-Ho-Ho!
O sapato é da mãe dela!

(agora dei por mim a cantarolar a cançoneta)

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