Rua da Alfândega
Igreja da Conceição Velha: em 1520 foi aqui construída a Igreja de Nossa Senhora da Misericórdia (que dava o nome á rua) sobre uma sinagoga mandada destruir por D. Manuel I. Tinha uma fachada imponente de 20 colunas que se viu impotente para o terramoto que a destruiu. Sobrou o portal e a Capela do Santíssimo que foram aproveitados para a (re)construção que se lhe seguiu.
Tomou então o nome de Conceição Velha que ainda hoje ostenta.
O portal merece atenção demorada e cuidada: baixos relevos da dita Senhora da Misericórdia, D. Manuel, D. Leonor, Papa Leão X e os fundadores da Misericórdia rodeados de ornamentos manuelinos. O interior não estará à altura da entrada (o que é difícil) mas ainda assim merece uma visita cuidada.
Como informação adicional, anote que tem uma acústica óptima.
Em frente ficava o Terreiro do Trigo que, com a reorganização posterior ao terramoto passou mais para nascente.
adiante, à esquerda,
Casa de Brás de Albuquerque (filho do Afonso, patrono do exército (ou de uma parte dele) terminada em 1523.
Foi, enquanto não foi alterada, a que se julga ser a mais antiga casa de habitação (das que ainda estão em pé) de Lisboa (este título oficioso passou para outras casas que mais adiante se verão entre S. Tomé e o Castelo).
Existem mais 2 exemplares semelhantes da época: Casa de los Picos (Segóvia) e o Palazzo dei Diamanti (o que ficava em frente ao palácio onde morava a personagem da história de Ferrara no filme ‘Para Além das Nuvens’ de Antonioni/Wenders).
Foi caindo de importância com o tempo: primeiro com o terramoto que lhe destruiu os dois pisos superiores, depois com a vida que lhe foi alterando os inquilinos. Depois de bacalhaus e feijões, levou com o Pedro Canavarro e o Vasco Graça Moura (a vida é ingrata mesmo para uma casa com um tal passado), como se não bastasse a ideia peregrina de lhe recolocar os dois pisos superiores e uma traseira de vidro (deve ter sido daqui que veio a ideia ao outro para os partidos com paredes de vidro).
Ao lado, a
Casa das Varandas (Casa Amarela para alguns) – Séc. XVI
As varandas no meio são diferentes em todos os pisos e diferentes das outras do mesmo piso. Não só pelo desenho da varanda (rectangular e não redonda), como pelo formato das portas.
Foi restaurada no Séc. XVIII e ampliada com mais dois pisos no Séc. XIX (estes não respeitam o traço das janelas e varandas dos pisos inferiores).
Pensões várias (entrada pelas traseiras para quem gostar de discrição ) e Restaurante Ponta de Diamante (também entrada pelas traseiras – serve de desculpa: ‘ opss.. enganei-me na porta’). Existe também nestas traseiras (acesso pelo Arco das Portas do Mar), na R. Afonso Albuquerque, o Bar Tradicional.
É suposto só vender bebidas portuguesas. Aconselha-se a beber um ‘caldinho’ (café, aguardente, limão, canela e hortelã) para matar saudades dos que se bebiam nas madrugadas dos quiosques da Lota do Cais do Sodré e do Príncipe Real.
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