E o que será do PP com Santana líder do PSD e líder da coligação? A relação estrutural entre os dois partidos muito provavelmente mudará. Em primeiro lugar, um PSD chefiado por Santana precisará cada vez menos do apoio do PP: Santana se concorresse às legislativas não coligado poderia obter uma quase maioria absoluta; por outro lado, é duvidoso que a coligação valha mais que a soma das partes. Em segundo lugar, Santana faz com que ao nível de ideário político, o PSD e o PP fiquem mais próximos.
Temos portanto uma força no sentido do afastamento e outra no sentido da incorporação do PP dentro do PSD. Ora Paulo Portas descerá politicamente se a coligação findar. E ficará em baixo por um tempo provavelmente muito longo. Mas como Paulo Portas (tal como Santana) só pensa em poder, só em pensa na sua pessoa, o provável é aceitar uma paulatina incorporação do PP dentro do PSD.
Ideologicamente é fácil: o PSD não tem ideologia única, nasceu e viveu sempre como partido de facções de conteúdo diferente [e nisto não se confunde com o PS ao longo da maior parte da sua história (excepção para o guterrismo), pois as suas facções não se demarcam por orientações ideológicas diferentes mas sim por um maior ou menor extremismo/moderação no defender de uma mesma ideologia]. Por outro lado, também o PP não é partido de ideologia única: democracia-cristã e conservadorismo fazem parte do ideário do PP. As ideologias do PSD e as do PP são próximas, sobretudo com Santana!, e este factor facilita muito a incorporação de um partido no outro ou a fusão dos dois. E há ainda o facto de que nem um nem outro partido alguma se interessaram em clarificar qual seria a ideologia predominante.
A nível pessoal é também fácil: Santana e Portas têm boas relações. Além disso, o PP não é de facto um partido: é uma pessoa, chamada Paulo Portas, com um conjunto (pequeno) de indivíduos que o apoiam. O que fôr bom para Portas será bom para estes indivíduos e se Portas quiser ser a figura número dois de um mega-partido nacional, esses indivíduos apoiá-lo-ão (ou serão, naturalmente, afastados e convidados a formar os seus micro-partidozinhos).
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