O "puxa-saco" nada mais é que o bajulador. Aquele camarada que faz e diz o que for preciso para lustrar o ego de um superior (seja na hierarquia social, seja na profissional). Trabalhei vinte anos na iniciativa privada, e vi todos os tipos de puxa-sacos imagináveis; agora, no serviço público, é que vim a ver o que significa realmente puxar o saco.
Na quinta feira foram os anos do nosso divisionário. Não hei-de negar-lhe poder: uma palavra desse homem basta para arruinar-nos a vida, ou pelo menos complicá-la bastante. É compreensível que seja temido. Pois bem: inventaram de organizar-lhe uma festinha. Um mês antes da data, já a gente corria atrás das contribuições, do bolo, das bebidas, dos balões, dos presentes e dos cartões. Os titulares revezavam-se nos salamaleques, competindo pela primazia de escolher restaurante mais a gosto do grande homem. Deram ordens para que não se marcassem audiências. Para que todos estivessem presentes, de barba feita e bem vestidos. Afobaram-se e afligiram-se. Por ser o grande homem de ascendência italiana, e muito ligado às coisas da península, forraram a sala com balões nas cores da bandeira da Itália (numa repartição pública brasileira). Cumprimentaram-no efusivamente; riram de tudo o que ele dizia; acataram com ar grave suas ponderações; ele, como dizia Mark Twain, aquecia-se ao sol de sua glória.
Eis que de repente aparece Fulana, toda sorrisos e alegria. Espantei-me: não estava de férias? Estava e está. As interrompeu para vir à festa do doutor...
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