5 de agosto de 2003

onde o autor confessa grão e mui vil pecado

Há coisas que não se abafam com paninhos quentes, sejam toalhas, guardanapos, lenços minhotos de analfabetos amores bordados, naperons de crochet, ou, por metonímia - ou será sinédoque? confundo-as sempre... - patinadoras romenas, há coisas, dizia eu antes desta breve digressão doméstico-têxtil, não adiáveis e não eufemizáveis, pelo que me vejo, no presente contexto bloguístico-comunitário, forçado a admitir uma gravosa falta, a anunciar no parágrafo seguinte, pois que este, o que presentemente ledes, prolongo-o agora oca e inutilmente por mais umas quantas palavras, por questões de forma, de suspense estilístico, de pretencioso virtuosismo adjectivador, talvez mesmo, permitam-me a honestidade, para ganhar tempo e coragem enquanto tomo uma golfada de ar.

Não gosto de Os Cinco. Oh magna igomínia!, oh sacrilégio!, oh o que eu fui dizer. Reconheço o crime e a hediondez do mesmo, sujeito-me à vossa punição. Que seja severa: animais da minha laia não têm perdão.

Não que tenha lido a colecção completa, longe disso. Dos originais, dos verdadeiros livros de Os Cinco, li dois, ao que julgo poder acrescentar dois exemplares de Os Sete e um de Os Quatro, clones elaborados por autores sem escrúpulos e duplamente vigaristas, pois que ao mesmo tempo que violavam a propriedade intelectual da Senhora Blyton abusavam da ingenuidade matemática das criancinhas. Um Quatro, dois Cincos e dois Setes, portanto, fraca mão de poker, dois pares e uma carta morta que não enganam ninguém, feliz a hora em que os descartei por um par de detectives e um trio de mosqueteiros, vitorioso full house literário da minha infância.

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