Há um tempinho atrás, li reportagem na Carta Capital a respeito de uma espécie de congresso de bruxaria do gênero wicca que aconteceu cá na Paulicéia. Muitos "eventos", "cursos", "palestras" e "workshops" ali tiveram lugar, e muito badulaque perfumado & bonitinho foi posto à venda, bem como muitos discos de músicas "relaxantes" e muitos livrinhos ensinando a fazer bruxedos pra pegar homem, ficar rico e espalhar a paz pelo mundo. Dentre os "cursos", um era diabolicamente interessante: o de ativação do DNA.
Deixando pra lá o fato de usarem a sigla inglesa do ácido desoxirribonucléico (no português arcaico dos meus tempos de escola, usava-se dizer ADN), eu confesso que fiquei surpreso: ativação do ADN? Que diabos quereria dizer isso? Seria afinal a cura da esterilidade? Porque é de se supor que quem não tem o ADN ativado simplesmente não é capaz de se reproduzir, certo? Não necessariamente.
Segundo a mulher que dava o curso, devidamente entrevistada, o caso é que nós, humanos como eu e (espero) você, tínhamos originalmente 14 fiozinhos desses de ADN, e não apenas 2, como agora. Deu-se que, com o passar dos anos, e por conta das nossas iniqüidades e desmandos, 12 desses fiozinhos sumiram. Talvez tenhamos, com isso, perdido as asas e as antenas, juntamente com a telepatia, o teletransporte, a terceira visão e as capacidades proféticas. Especulo.
A boa notícia que a mulher e seu curso de preços módicos trazem é a de que esses 12 fiozinhos sumidos ainda estão por aí, latentes, imanentes, no nosso espírito, no corpo astral, ou lá onde seja. E que, mediante as "técnicas" que ela ensina, é possível ativá-los (pelo que, entendo eu, passarão a tomar parte ativa na nossa reprodução, fazendo provavelmente com que geremos filhos mutantes).
Aparentemente, não consta do currículo do curso nenhuma explicação sobre se ele existia antes que coisas como o Projeto Genoma tornassem ADN (ou DNA) uma sigla corriqueira. É o tipo do detalhe que só aos caraças (como eu) interessa.
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