14 de julho de 2012

Moinhos ou gigantes?

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A região rural do concelho de Sintra encontra-se povoada de moinhos: uns em completa degradação, outros transformados em moradia e alguns, sem habitantes, preservados sem velas nem mó, talvez porque os proprietários os estimam e, como tal, dedicam-lhes cuidados. Há pouco tempo, cá pela freguesia,  sobrevivia um moleiro à moda antiga, um velho homem que, lutando contra as forças que já lhe faltavam, depositava toda a vontade na moagem dos grãos cultivados em pequenas leiras de terreno, nesta região entre a serra o mar. Gostava de ser visitado pelas crianças das escolas próximas que, em digressão de estudo, aprendiam que a farinha não aparece, como que por magia, nas embalagens das prateleiras dos supermercados. Consta que o dedicado trabalho deste homem de aldeia terminou – o desgaste do tempo não permite que cada um possa prolongar, como que vivendo uma eterna juventude, tarefas que exigem ritmo e esforço. A reflexão conduz a relatos de alguns educadores, surpreendidos quando acompanham crianças a locais onde podem ver pomares enfeitados de frutos, ou capoeiras onde correm aves de diversas gerações, experimentando retirar os ovos dos caixotes recheados de palha: os pequenos visitantes, muitas das vezes, deixam escapar que pensavam nascerem as maçãs dentro de caixas, ou ainda que os galináceos já nasciam depenados. Parecendo algo de anedótico, não se deixa de pensar que mesmo o adulto mais citadino terá perdido o hábito da conversa com os seus mais novos – apesar do poder da imagem (ver árvores de fruto, observar ninhadas de pintainhos, assistir a uma ordenha), tudo leva a crer que nos encontramos na era conhecida como a “da comunicação” enquanto mera etiqueta, ideia recorrente ao verificar que mesmo os contos infantis fornecem conhecimentos simples, mas essenciais.

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