3 de novembro de 2011
Memórias das cidades
(imagem: solstício em Manhattan, autor não identificado)
Cidades que – citando o poeta publicitário por sobrevivência – se estranham e, mais tarde, se entranham. Nunca se pensa, após as primeiras impressões que, voltar mais tarde ao local muda totalmente a impressão inicial. Espaço agitado, onde se pode caminhar em segurança , a horas adiantadas, contrariando mitos urbanos. Sem abrigo dormem sobre caixas de cartão atravessadas na passagem dos caminhantes. Em fim de tarde, o parque despido de folhagem ainda deixa ver esquilos que, nervosos, se cruzam com uma multidão mais ou menos apressada.
Começa um Natal antecipado e há patinadores no gelo junto ao centro Rockfeller.
As coisas do progresso fazem entender que existem tantos museus quantos Starbucks e, por breve instante, chega a nostalgia de cafés bebidos, apressadamente e em manhãs frias na leitaria do bairro. Ao longo do percurso, templos mais ou menos visíveis de diversos credos. Na Chinatown surpreendem montras engorduradas onde alimentos irreconhecíveis se encontram expostos atrás de vidros enevoados pela condensação. Espanta ver os skaters no meio do trânsito frenético.
O que, por vezes, interiorizamos enquanto imaginário no ecrã de cinema acaba por não se distanciar de alguns cenários. Existem por aí cidades que superam tudo o que sobre elas possamos idealizar.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
Também queria ver esta... e saber, entre tantas utras coisas, se a minha imaginação é suficiente para alargar as ruas de NY. É que sempre as imaginem bem estreitas e escuras e há uns anos li que as ruas são mais largas do que "normal" para a luz do Sol chegar às ruas por entre aqueles arranha-céus todos...
As ruas não são estreitas, Luísa, embora desconheça qual a aparência das artérias em áreas de tecido social mais complexo (acredito que essas sejam escuras por documentação de cinéfila apressadamente colhida). Recentemente percorro, no dia a dia, uma zona mais carenciada das franjas da cidade e, nos primeiros momentos, fiquei a pensar como bairros tão próximos me eram, até aqui, tão desconhecidos. Contrasta a afabilidade dos moradores para quem já me vou tornando uma cara conhecida.
As impressões causadas por diferentes espaços são sempre muito subjetivas, lembro uma amiga que em tempos me dizia ter ficado um pouco desapontada com a Holanda que, no seu imaginário, tinha como um país povoado de milhares de flores coloridas, mesmo nas grandes cidades e as tais notas de cor tinham ficado muito aquém dessa construção pessoal.
Um bom domingo:)
Enviar um comentário