24 de setembro de 2011
'Sodade' de Cesária ou um adeus aos palcos
(imagem:unep.org)
Estranho quando alguém afirma não ter conhecido professores que tenham deixado recordações gratas. A propósito, já aqui foi mencionado o mestre e escritor Manuel Ferreira, docente de Literaturas africanas de expressão portuguesa. Tendo ontem revisitado Hora di Bai, romance do autor, fugiu de imediato o pensamento para a voz única Cesária Évora pela intertextualidade evidente a associar a prosa literária à canção.
Com surpresa, verifico esta manhã no jornal que a cantora anunciou publicamente o final dos concertos com que durante tantos anos nos encantou.
«Nha Venância, bô crê ouvi um poeminha?»
«Mas poema direito, bô ouvi?», e riu agradada como ainda não tinha rido naquele dia.
Caminho longe…
Caminho obrigado
caminho trilhado
nos traços da fome
caminho sem nome
caminho de mar
um violão a chorar
Caminho traidor
«Caminho traidor, sim senhor. Gente espera uma coisa e São Tomé dá outra. Ou não. Traidor porque rouba filho da nossa terra. Isso mesmo, moço.» (…)
Manuel Ferreira, Hora di Baie a propósito: sodade
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