17 de outubro de 2010

Viajar entre colunas



No renovado Terreiro do Paço, bem perto do enigmático Cais das Colunas, no Torreão Nascente, está uma exposição a ver; “Viajar, Viajantes e turistas à descoberta de Portugal, no tempo da I República”, que em si traz pouco que ainda não tenha sido visto.
Contudo, a concepção da mesma naquele espaço está conseguida com êxito. Quem a percorre esquece-se de que está num espaço de planta quadrada, com pés direitos altíssimos e os elementos pré-existentes são muito bem integrados no discurso expositivo, como, por exemplo, as colunas de mármore. O mesmo já não achei dos nichos das janelas.



De realçar o belo efeito cenográfico do navio de passageiros, muito bem conseguido e integrado no resto da exposição. Talvez o melhor efeito, a par da engraçada vitrina do comboio em movimento. É pena o mergulhador na prancha de saltos passar despercebido ao visitante pela maior chamada de atenção à aplicação multimédia projectada no chão.



Esta mostra tem um sintoma que outras, ultimamente, insistem em apresentar: O excesso e a elevada concentração de informação gráfica. Falta-nos o ar para respirar a informação! Desiste-se à segunda tentativa. Tanta imagem, tanto texto, tanta colagem, tanta legenda, só pode interessar à gráfica que as produz.
Outra questão, relacionada com esta, é a colocação de informação visual a uma altura exagerada, provocando uma postura incómoda a quem a tentar ler/ver. Para aquele espaço, onde a hipótese de afastamento do visitante é quase nula e de forma a não causar torcicolos aos visitantes, a colocação da informação não deveria ultrapassar, em altura, a linha dos dois metros, dois metros e pouco.
São de bom efeito e interessantes as grandes malas de viagem que indicam e ponteiam o caminho para a exposição.



Não apreciei, muito sinceramente, não poder comprar ou consultar o folheto ou o catálogo da exposição no próprio espaço. A sua aquisição é feita em instalações apartadas, onde existe um ponto de venda, tipo ‘loja de museu’, com diversos produtos de aspecto interessante que, a meu entender, pouco têm a ver com a exposição, a República ou com o espaço.

Comece ou acabe com uma visita ao Cais das Colunas.

9 comentários:

T disse...

Belo post, Miguel. Também já fui visitar a exposição e concordo em muitos aspectos contigo. E as fotos estão muito bem conseguidas:) Toca a escrever mais, que gosto de te ler:)

respigadores disse...

Fiquei com pena que a exposição fosse composta por tanto "cenário" e réplicas e tão poucos objectos e documentos originais. Mas interessante q.b.

(^_^) respigador

T disse...

Também achei que tinha poucas peças. Mas vale a pena ir visitar sim:)
Beijinhos ao respigador e à respigadora:)

Carlos Caria disse...

Faço minhas as palavras dos escritores anteriores, mas não posso deixar de salientar que é um repositório histórico das viagens e lazer,em especial numa área para mim com especial interesse que são as termas.
A encenação e o ambiente do paquete está encantadora.

T disse...

Carlos tu podias ter emprestado peças para a exposição:)

Anónimo disse...

Fiquei um bocado traumatizada com a overdose de informação da exposição da Cordoaria que me acobardei e não vi mais nenhuma... Mas esta reportagem abriu-me o apetite ;)

T disse...

E vai ver a da imprensa censurada durante a primeira república. Pequena e boa e dá o outro lado da situação.

Miguel Gil disse...

Caros, a exposição tem muito que ver e, de forma geral, é boa de se ver! As minhas apreciações enfermam de olho profissional!
Sem olho profissional digo-vos que não deixem de passear, antes ou depois da visita, no Cais das Colunas, um dos locais míticos de Lisboa.
Caros ‘respigadores’, numa exposição o que conta é o rigor da informação prestada, seja através de 'cenários' ou réplicas ou de objectos e documentos originais. Mas concordo, senti tb a falta de originais.
Cara T., onde está essa exposição da imprensa censurada?
Caro Carlos Caria, fiquei curioso! Que peças sobre o lazer é que tem que poderiam estar exposta numa exposição de turismo? Gostava de as ver!
Cara ‘lalage’, como fui avisado da overdose de informação ainda não pus os pés na Cordoaria, mas dizem que é uma grande exposição.

Carlos Caria disse...

Caro Miguel Gil,
Se lazer é Termas, então pode contar com cerca de uma centena de copos de agua das termas de todo a páis na minha colecção, bem como outras peças e literatura antiga ligadas ao termalismo .
Se lazer é viagens e autocarros então pode contar com centenas de bilhetes antigos, horários, programas e emblemas de boné de motoristas, cobradores, fiscais, expedidores e chefes, das empresas de autocarros antigas.
Se lazer é praias, então pode contar com algumas peças das prais da Trafaria e Costa da Caparica, que venho juntando ao longo dos anos.
Abarço amizade