10 de julho de 2010

sabado...

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sabado de julho, sabado de manhã, de mercado. desço pelas montanhas para vir trabalhar ainda a pensar no filme de ontem à noite que desaguou numa conversa sobre paixão e habitos e mudanças.

chego finalmente à vila, encontro um lugar à sombra. caminho para a
biblioteca e vejo o mercado dos sabados logo cedo a tomar forma. cheira a queijos e a chouriços de "tous les parfums". penso nas cerejas que a s. e a b. compraram na semana passada, vermelhas escuras, carnudas e crocantes. “o senhor que as vende esta mesmo em frente à padaria”. penso nisso e continuo a andar, mercado adentro. malas carteiras, roupa, brincos e pulseiras, gomas, vinhos, pedras, vime, flores. ja não ha cerejas à venda. entro na padaria para comprar as habituais e deliciosas baguetes aos cereais, recebo um caloroso bom dia e ainda no bom sentimento desta manhã peço também uma tartelette de mirtilos que vem numa caixinha verde alface onde se inscreve a frase “les plaisirs gourmands”. deslizo pela rua pedonal de regresso ao trabalho a pensar em como gosto destas manhãs de sabado de que tão raramente posso tirar proveito, por causa dos horarios de abertura da biblioteca.

ligo os computadores na secção dos adultos penso nos
leitores de sabado. a luz natural do dia preenche quase todo o andar. abro a janela porque gosto de ouvir o burburinho la fora e o movimento dos carros... podia adivinhar que era sabado so por isso. chega a sra e. que me comprimenta com um “bonjour madame” logo a seguir o monsieur s. (que repara que mudei de penteado) depois a mme d. e pelo movimento matinal adivinho ja que vai ser uma manhã animada.

Vejo uma série de cestinhos pousados junto às estantes, penso que ha mais leitoras do que leitores e que depois de escolherem os livros para as proximas semanas estas leitoras irão até ao mercado e os cestinhos regressarão a casa coloridos e a transbordar de delicias do mercado

4 comentários:

Miguel Gil disse...

A 'província' tem mais dimensão humana. As pessoas têm nome. Os dias da semana distinguem-se bem. Os horários não são gaiolas. Percorrer ruas e espaços é costumeiro. Os cheiros identificam lugares. Trabalha-se com e para as pessoas.

Paulo disse...

O Tour não passa por aí?

J. disse...

viver na provincia tem os dois lados, miguel, é bom saber que toda a gente tem um nome mas às vezes também era muito bom poder continuar a ser anonimo e não entrar no consultorio médico e conhecer todas as pessoas da sala de espera por exemplo! ;) ou ir ao supermercado e poder fazer compras em 15 minutos em vez de 45 ;)

paulo, o tour este ano não passa por aqui... tivemos essa "sorte" no ano passado

Miguel Gil disse...

J. sim, viver fora da grande cidade tem esses desencantos, que não são pormenores. O 'não se ser anónimo' é talvez o maior (para quem já viveu anónimo).
Mas o que me ‘chateia’ mais é o provincianismo nos actos públicos. Por exemplo: Na estreia de um espectáculo todos lutam por ‘ir ficar na fotografia’, mesmo que não percebam nada do que se vai estrear (e não quantas vezes adormecem durante o espectáculo), ficando, por vezes, de fora quem gostaria de assistir ao espectáculo.
Irrita-me ainda mais o reverso desse provincianismo, quando a ‘malta da grande cidade fala’ connosco, técnicos da administração pública, como se fossemos parolos, como se não percebêssemos de nada, como se fossemos parvos.
E ainda, está por bem explicar a razão de a programação de eventos culturais na ‘província’ (bastante boa em alguns casos) ser sistematicamente omitida das agendas culturais dos órgãos de comunicação de grande circulação.
Estou só a basear-me no meu caso particular. Pode haver outras realidades que desconheço.
Contudo, gosto de viver aqui (Portimão) e só volto a Lisboa de vez em quando, para me refrescar em anonimato e respirar livremente a ‘poluição’ da capital.