13 de junho de 2010

i know not what tomorrow will bring*

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(...)
mas um homem entrou na tabacaria (para comprar tabaco?)
e a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
semiergo-me enérgico, convencido, humano,
e vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.

acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
e saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
sigo o fumo como uma rota própria,
e gozo, num momento sensitivo e competente,
a libertação de todas as especulações
e a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.

depois deito-me para trás na cadeira
e continuo fumando.
enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando (...)

in a tabacaria,
fernando pessoa (alvaro de campos)
13 de junho de 1888 - 30 de novembro de 1935

* a sua ultima frase escrita a lapis

4 comentários:

José Quintela Soares disse...

O “tomorrow” não se fez esperar muito.
E quando os seus dias terminaram, poucos, bem poucos, deram por isso.
Quase incógnito.
Como quase sempre.
E foram necessárias décadas para que a sua Obra fosse enaltecida, descoberta, estudada.
Não precisaria de muito elaboradas estratégias comerciais ou outras para se impor, mas estas existiram. Sem culpa dele.
Integra agora o grupo restrito dos “que se vão da lei da morte libertando”… e portanto o derradeiro e inquietante “tomorrow”…acabou em Bem.
Mais vale tarde...

J. disse...

faria hoje 122 anos... mas para a eternidade fica a sua obra... a imortaliza-lo...

Anónimo disse...

Universal e eterno.
http://i12bent.tumblr.com/post/694774583/fernando-pessoa-the-great-portuguese-modernist

teresa maremar disse...

E depois de amanhã, dia 15, faz 40 anos que Almada faleceu no mesmo quarto do Hospital de São Luís dos Franceses em que 35 anos antes falecera Pessoa.