19 de fevereiro de 2010

Há dias assim ou um post a induzir ao bocejo

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Dia a começar pela madrugada depois de horas de concentração a fazer um tal de ‘powerpoint’ para apresentar em situação formal, quando alguém se agarra a trabalhar ao computador até horas tardias passa-se algo com o Q.L.D (qualquer coisa lá dentro) a levar inevitavelmente à insónia.
Chegada à escola ao primeiro tempo da manhã, lá dou conta do telemóvel esquecido em casa, o que normalmente acontece, mas não incomoda (até rio sozinha, dando-me ares de superioridade e dizendo que não dependo dessas engenhocas tecnológicas). Hoje era imprescindível o dito artefacto, pois precisava de encontrar um pequeno grupo de trabalho numa enorme instituição e já sabia que, nem mesmo com bússola, descobriria as colegas.
Durante uma correria a casa durante a limitada hora de almoço (prescindindo da refeição ou quase), lá estava um rebanho a pastar no meio da estrada, ante a calma do pastor que agia como se se encontrasse no meio da planície alentejana…
Correria para a cidade e já de regresso, chegada ao metro com a máquina de bilhetes a rejeitar todos os títulos de transporte despejados da mala.
A chegar a casa, com o desespero de quem não conseguiu uma única refeição decente durante o dia, o supermercado da aldeia próxima apresentava-se no auge do surrealismo: um quarto de hora à espera que alguém trouxesse trocos para a única operadora de caixa que, de olhar perdido e a tentar fazer de relações públicas, ensaiava uma conversa de circunstância com os clientes. Qual não foi o meu espanto – eu paguei com multibanco dado nas correrias ter rasgado as duas únicas notas que tinha no fecho do porta-moedas, pequeno tesouro que ainda hoje irei reparar com fita-cola – quando me apercebi de que as pessoas à minha frente estavam a receber trocos de quantias significativas em moedas de 5 cêntimos. Pelo menos – desculpem o desabafo aborrecido e sem interesse para quem o conseguir ler – consegui fazer este post, mesmo não tendo há 2 semanas net (só com o tal dispositivo cuja marca não irei referir), já que morar numa terra onde não existem mais de umas doze casas leva a isto: o telefone anda a alucinar há mais de um mês(para não falar nos ameaços) – às vezes emite unicamente ruídos asmáticos - e ninguém vem fazer uma reparação assim mais para o vitalício (penso que também terá sido consertado nos últimos tempos com fita adesiva de má qualidade).
Eu sei que há guerras, terrorismo, catástrofes naturais e quejandos mas, em cenários ditos ‘normalizados’ (se é que isso existe), apetece-me citar um filósofo da minha geração, que é como quem diz, um amigo do meu tempo: «há dias tramados na vida de uma pessoa!».

4 comentários:

Anónimo disse...

Bem amiga,
Que aventuras pela aldeia...
Daqui a uns dias, vamo-nos rir.
Para já Boa Sorte pela Faculdade!
Abraço,
A do costume

gin-tonic disse...

Os dias tramados também fazem parte do arrastar, por aqui, o cadáver.
Também lhe acontecem coisas destas. Acha-as divertidas.
Mas claro, ele não tem "powerpoints" para apresentar, nem esquece o telemóvel, porque, simplesmente, não o tem.
Agora o que gostava, com todo o tempo que tem para a nostalgia era vivert numa aldeia em que no supermercado lhe dessem os trocos em moedas de 5 cêntimos.
Quanto aos carneiros e ao pastor, lembrou-se do Jos´Gomes Ferreira, citado de memória, oh pastor que choras o teu rebanho onde está, deita as mágoas fora, carneiros é o que mais há.
Bom fim-de-semana.

teresa disse...

Amiga não anónima,

Hoje com a missão cumprida, ainda nem me sinto recuperada para saborear mais um objectivo concluído, mas de semana animada, também tens os teus episódios.

Beijinho:)

teresa disse...

Caro gin,

Eu também as achei divertidas, caso contrário nem as teria organizado em post... quanto a não ter telemóvel, fui durante muito tempo uma resistente, tendo passado a utilizá-lo quando a minha filha mais nova passou a ter problemas de saúde ( felizmente quase sanados), tendo-me levado a preocupação a tornar-me mais 'encontrável'. No entanto, há quem me repreenda (entre muitas aspas) por em mim ser quase um símbolo de inutilidade (para sanidade mental da própria, frequentemente desligado e, como exemplo para a juventude, desligado antes da aula começar em frente aos alunos).
Os ares do mar e da serra são tranquilizantes, ninguém se irritou, apesar do adiantado da hora, quando a jovem da caixa começou a contar dezenas (centenas?) de moedas de 5 cêntimos...

Quanto ao poema de José Gomes Ferreira, tenho a referir que me fez sorrir embora, mal por mal, sejam mais agradáveis à vista os carneiros no sentido literal:)

Abraço