15 de setembro de 2009
O TEMPO DAS CEREJAS
Gosta do tempo das cerejas, gosta da canção com o mesmo nome, poema de Jean Baptist Clément e música de Antoine Renard, escrita em 1866, e que a interpretação da Juliette Greco lhe causa sempre um arrepio desesperante mas imprescindivel.
Gosta desta fotografia tirada em Montmartre, em Maio de 2005, gosta sobretudo da disponibilidade descontraída dos clientes do café, dos sorrisos que mandaram quando
viram este escrita, debaixo de uma chuva-molha-tolos, a fazer fotografias, sabe-se lá para que fim...
“Le Temp des Cerises”, um café, os ternurentos cafés franceses … e o que le gosta de cafés...
À boleia de um post da T. ,sobre uma lindíssima capa de Júlio de Sousa, para um livro para crianças de Maria Lamas, lançou-se na rota de um velho anuncio e pelo meio, entre outras coisas, citou estrofes de “Le Temp Des Cerises”. O que é lamentável, é que conhecendo a tradução de Rui Almeida, serviu-se de uma tradução manhosa, aquela que estava mais à mão. Ao ler o "post", Rui Almeida convidou-nos a dar a nossa opinião sobre essa tradução. A opinião já a deixou no comentário do "post" de que tem vindo a falar.
Acontece que, desde 2003, o Rui Almeida mantém um blogue com o sugestivo nome de “Poesia Distribuída na Rua” - http://ruialme.blogspot.com . Este blogue, juntamente com “Dias Felizes”, que também já se chamou “Janela Indiscreta” de Cristina Fernandes, “Paixões e Desejos” de Rui Luis Lima, “Largo da Memória” de Luis Milheiro, “Rádio Crítica” de Francisco Mateus, “A Montanha Mágica” de Luis Miguel Dias e “Local e Blogal” de António Baeta Oliveira, são os blogues que ainda visita desde que pela primeira se enfiou nestas coisas da blogosfera. Outros blogues nascerem, outros morreram, outros, por motivos vários abandonou a leitura, mas estes são os mais antigos nos “Favoritos” cá da casa.
Rui Almeida é um divulgador de poesia e ele tem especial simpatia por quem “perde” o seu tempo a divulgar, aos outros, os seus gostos. Passem por lá. Não se arrependerão.
Pela nossa psrte esperamos continuar a vê-lo por aqui.
Jáá agora, e com a devida vénia, transcreve-se a tradução que Rui Almeida fez para “Le Temp des Cerises”:
O tempo das cerejas
Quando cantarmos no tempo das cerejas,
E o feliz rouxinol mais o melro gozão
Andarem em festa.
As formosas terão tolice na testa
E os namorados sol no coração...
Quando cantarmos no tempo das cerejas,
Assobiará melhor o melro gozão
Mas passa depressa, o tempo das cerejas,
Quando os namorados colhem, a sonhar,
Brincos de princesa!
Cerejas de amor de igual beleza,
Caem sobre as folhas, qual sangue a pingar.
Mas passa depressa, o tempo das cerejas,
Brincos de coral colhidos a sonhar!
Quando vos chegar o tempo das cerejas,
Se tiverdes medo das coitas d'amor,
Evitai formosas.
Mas eu que não temo penas dolorosas,
Não hei de perder um só dia de dor...
Quando vos chegar o tempo das cerejas,
Haveis de ter também vossas coitas d'amor.
Sempre adorarei o tempo das cerejas:
Guardo desse tempo no meu coração
Uma chaga aberta.
E mesmo a Fortuna, posta como oferta,
Jamais poderá tirar-me esta aflição...
Sempre adorarei o tempo das cerejas
E esta memória no meu coração.
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2 comentários:
Muito obrigado pelas generosas palavras.
Bonita tradução:)
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