20 de setembro de 2009

Lábio Cortado

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Dorme-se violentamente
Descobrindo as pedras surgidas dos sonhos.
Dorme-se várias vezes no mesmo sono
E não se regressa,
Porém repete-se o que já se sonhou.

Livres as pedras surgem para o silêncio,
Construção lenta e progressiva
De cada visão que do sonho se alcança
No seu deslizar nocturno,
Libertando do peso o corpo.

E o sono é múltiplo em si mesmo
Persistente e fixo
Uma cadência que avança
Sempre além de cada momento
Em retorno constante;

Lucidez que extravasa a memória,
Que se sublima e se expande
Em movimento espiral
Até ao limite frágil do tempo
Que se aproxima inexistente.

Poema de Rui Almeida,


Lábio Cortado, Livro do Dia Editores, 2009

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