a neta, júlia ramalho, é hoje o nome mais marcante da olaria barcelense, o que, numa zona que conta as irmãs côta (nomeadamente a júlia, que me perdoe a emília), a conceição sapateiro ou uma infinidade de excelentes artistas do figurado descendentes de famílias tão ilustres no barro como os mistério ou os baraças, continuar a manter na família uma espécie de legado de referência do figurado é obra de monta.
júlia ramalho já há muito deixou continuidade na obra nos seus filhos teresa e antónio, hoje com trabalho perfeitamente autónomo e caminho seguro pela frente.
mas ontem tive a grata surpesa de ver a novíssima geração ramalho.
uma das netas de júlia ramalho, inês, ao que parece por indicação do tio antónio, decidiu fazer umas peças para a mostra de artesanato.
a inês parece tem aproximadamente a idade da avó júlia quando vendeu a primeira peça (aos 10 anos, a antónio quadros, o mesmo que 'descobriu' rosa ramalho há muitos anos).
não faço ideia se as peças que lhe comprei ontem foram as primeiras que vendeu.
gostaria de acreditar que sim, embora isso seja pouco importante.
o importante aqui é que as peças da inês são lindíssimas.
se a tetravó rosa fazia 'os bonecos' com o que tinha na sua riquíssima imaginação, a inês faz os bonecos com aquilo que são as suas referências diárias.
pode ser que alguns puristas se escandalizem, mas eu acho absolutamente deliciosos estes bonecos directamente influenciados pelos desenhos animados japoneses, das pukas aos pokemons.
ontem, em conversa com júlia ramalho (e um padre local pelo meio), aprendi também imenso sobre a sua avó rosa.
e fiquei muito contente por saber que um post meu chegou até uma parte da família que emigrou para o brasil nos anos 20 e os actuais primos estão em contacto.
3 comentários:
Se formos todos puristas... não adianta haver gerações de artistas. Basta haver a primeira pessoa, depois monta-se uma fábrica e reproduzem-se em massa os objectos dessa pessoa "id infinitum".
Eu gosto da Pucca, dispenso os Pokemons, mas acho interessante que uma criança pegue no seu mundo e o transponha de algum modo (ou pelo menos tente) para o suporte do barro (ou outro qualquer), pois é de pequenino...
Penso que o que é genuíno é cada artista concretizar as representaçoes que tem no seu imaginário. No caso das peças na fotografia, serao as que dizem respeito à idade desta menina e, a continuar pela vida fora com a veia artística, certamente passará a ter outros interesses e outras representaçoes, o que se virá a reflectir nos objectos ainda por moldar: o importante é a família perpetuar estas tradiçoes. Na minha escola, inserida em zona de trabalho de cantaria, o projecto pioneiro com cerca de 15 anos (na altura foi aplaudido a nível nacional) foi a construçao de um pavilhao com maquinaria para se continuar a esculpir, perpetuando as artes e ofícios da regiao, e até hoje os jovens fazem peças lindas, existindo um curso profissonal de escultura e cantaria.
Há um grupo de pessoas que deseja indicar a Internet ao prêmio Nobel. Antes pensei que era absurdo, mas hoje através de seu Blog e observando que posso conhecer a Inês, mais um membro distante de minha família portuguesa, vejo que sim, a Internet merece um prêmio. Se não fora por ela nunca teria essa possibilidade, muito menos de ter conhecido minha prima Teresa Ramalho pessoa tão simpática que elucida muita coisa do passado de meu avô em Portugal e, consequentemente do resto de minha família.
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