22 de julho de 2009
Ah... já está explicado!
Não sei se já repararam nisso mas quando lemos - estou a falar para a ínfima minoria de espectadores que além de virem ao teatro ainda lêem... 2 ou 3 pessoas hoje -, bom, mas quando lemos livros estrangeiros, raramente nos detemos nos nomes. Eu pelo menos faço isso. Mas eu tenho um desconto, que ainda por cima venho todos os dias ao teatro. É que uma personagem dum romance russo, por exemplo, pode chamar-se Ievguénhi Ponomarev Tsogorski! E então estamos nós a ler:"O cavalo corria louco pela estepe, mas, de repente, estacou tão abruptamente que I-i-v-g aaa...Pino...Poni...Pinto...bom, Tsa...Tsu...chiça! foi cuspido violentamente e esmagou o crânio contra uma pedra, morrendo instantaneamente. Mas o bravo amigo... japonês...Os-ss-u-ga-ro- I-o-mi-akei,ok, Iomiakei Kawa-ka-ta-mi" - fo-go! -, deitando-se sobre o seu corcel, consegue ainda apanhar o valioso documento que I...I-e-v-g-u pfff Pinto Tsar transportava tão ciosamente. Oss...u Io,io,io! Kawa...saki! lançou-se a toda a brida." Uff! "Mas o cruel mongol que os perseguia aproximava-se cada vez mais. Com efeito, Li-ao Tse Xi-ong" - e este é fácil! Eu já estou a simpatizar com o mau da fita... - "Lao Tse Xiong tinha prometido ao condutor de riquexó Sun Wang Ião (...) não só resgatar o valioso documento que tinha viajado pelo Japão e chegado à Sibéria trinta e seis anos depois" isto é fácil porque não está em numeração romana... "não só resgatar o trararara como também aniquilar ... I-ev-g... Ivo Pinto Tsu e o nipónico Osso Io Kawasaki."
Eu compreendo que se leia cada vez menos. Literatura estrangeira, pelo menos... para mim tem o problema dos nomes.
José Pedro Gomes, O País dos Jeitosos
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6 comentários:
Não sei se se lê cada vez menos mas conheço o problema e muita gente que se queixa do mesmo. Nem é preciso ir aos russos e japoneses, até nos livros da Agatha Christie é problemático recordar quem é quem...
Só não se traduzem os nomes para português porque está instituído que "isso não se faz", mas já se fez e ainda dizemos Júlio Verne, à portuguesa, e não Jules Verne.
Parece que os nomes russos, chineses, japoneses, etc. serão mais difíceis de traduzir que Jules para Júlio. Mas há maneiras. Os russos são quase sempre nomes do calendário cristão ortodoxo e os nomes chineses e japoneses têm, em geral, significados traduzíveis.
Não é costume. Pois, mas eu quando lia os livros da Condessa de Ségur os nomes eram todos traduzidos...
Quando foi que se decidiu não fazer isso? E porquê?
Acho que é um assunto que merece - mais que muito, que o são - ser debatido... ;)
Bem hajam
O livro pode ser português que eu ignoro sempre os nomes.
Se ler por recreio... nunca fixo um nome. ok! até fixo, os dois ou três principais...
Mas também há a questão: e quando não há nomes? A resposta será: há traços distintivos, logo... nós só temos que encontrar os traços distintivos dos "nievsky" e dos "pings" e dos "lings" e dos xings" (é isso que me permite ler sem saber como se chama cada um, além de ser bem mais interessante).
Isso de traduzir os nomes... corta a piada! Já basta não saber as línguas para poder ler no original.
Adorei o texto, obrigada por partilhar!
Ai é assim que se faz?!
Estou que nem posso...
Eu dou-lhe alcunhas.
Ievguénhi Ponomarev Tsogorski! fica "Amarelo" o Húngaro "Vailátu Queutouarir" é o azul! e Natália Cuspéspacova fica "rosa".
Este método é altamente desaconselhado a actores.
Lindo... também tenho por vezes esse problema. Mas do mesmo modo me revejo no grupo dos que acham que nomes não se traduzem. E no fundo o importante é ler. Mais complicado é quando há mais do que uma personagem com o mesmo nome. Senti-me tão perdido no "Cem anos de solidão"... hehehe!
O texto foi, para mim, hilariante, embora nao deixe de lhe encontrar algum fundamento.
Quanto ao 'Cem anos de solidao', confesso ter tido o mesmo problema, mas aqui havia repetiçao de nomes através das geraçoes, o que baralhava um pouco.
E claro que se trata de uma caricatura, nao sendo este - opiniao pessoal - o principal motivo para que se leia pouco.
De nada, Luísa. Eu diverti-me a le-lo, tem um toque de humor com que me identifico:)
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