em 1972, martin scorcese realizou o seu primeiro filme (antes tinha sido assistente de realização no filme woodstock).
com um orçamento limitado mas ampla liberdade para trabalhar, scorcese agarra um livro escrito por ben reitman, um médico com um passado de ginecologista, escritor, vagabundo, anarquista e lutador pelo controlo de natalidade, sobre as confissões que lhe fez bertha thompson dos tempos em que foi ‘boxcar bertha’. embora deste livro pouco mais tenha que o nome.
bertha thompson era filha de ‘mother’ thompson, uma activista radical e neta de moses thompson, um pioneiro do kansas que em 1800 (!!) editava a revista ‘the female emancipator’ e toda a sua vida esteve ligada às lutas mais radicais da sociedade americana, embora algumas vezes bertha preferisse a companhia de chulos, prostitutas e vagabundos.
o filme bebe na história de bertha thompson, mas digere-o de um modo diverso.
‘boxcar bertha’ (uma mulher da rua, na edição portuguesa) relata um seu envolvimento com o líder sindicalista big bill shelley (david caradine) que tinha uma forma muito pessoal de lutar a favor dos ferroviários e dos trabalhadores agrícolas do sul dos estados unidos, fazendo assaltos para dividir o dinheiro pelos desempregados.
é um primeiro filme notável, com um david carradine excepcional (no filme entra também o seu pai john) e uma barbara hershey (ao tempo namorada de david) em começo de carreira.
a cena da crucificação de bill shelley num comboio que vai percorrer o sul dos estados unidos a dar o aviso a todos os que ameaçam os poderosos, é um momento raro na história do cinema.
é para mim um daqueles filmes de culto a que periodicamente volto.
um notável e obrigatório filme.
aqui:
o texto, em pdf, da autobiografia de bertha thompson
aqui:
o trailer de boxcar bertha
Sem comentários:
Enviar um comentário