1 de dezembro de 2008

MÚSICAS E CANÇÔES DE NATAL



BEIM KLANG DER WEIHNACHTSGLOCKEN
POLYDOR 20 225 EPH

O du frohliche, o du selige – O Tannembaum – Stille nachr, heilige nacht – Susser die Glocken nie klingen
Interpretações da Santa-Claus-Orchester mit Chorbegleileilung und Glocken

Em casa do pai havia um móvel com um rádio “BLAUPUNKT”, daqueles de olho verde para sintonizar, e um gira-discos.
Um dia, faltavam escassos dias para o Natal, o pai apareceu em casa com um EP de canções de Natal. Não havia televisão. Depois do jantar, o pai reuniu a família, e colocou o disco no prato. Canções de Natal em alemão, o pai só entendia o Natal em alemão, perguntei-lhe um dia porquê, disse que não sabia bem, lera num qualquer livro.
Um silêncio de claustro, o avô com uma lágrima ao canto do olho, o encanto espelhado nos rostos. Já não lembra quantas vezes o disco tocou nessa noite. Como foram muitas e muitas as vezes que o foi ouvindo ao longo dos natais do seu encantamento.
Para onde quer que vá, aquela noite persegue-o irremediavelmente. O gosto por músicas e canções de Natal terá nascido ali. O pai punha sempre na contracapa as datas em que comprava os discos. Neste pode ler-se: 20 de Dezembro de 1955.
Muitos anos depois daquela noite, em Dezembro de 1988, faltavam três dias para ser Natal, e sabe que era esse o dia por motivos que para aqui não são chamados, ele estava na loja de discos da “Valentim de Carvalho” no Centro Comercial Alvalade . Ao lado, mãe e filha conversavam: “agora que temos CD era bonito levar um disco de Natal.”. Escolheram um da Orquestra e Coros de Ray Conniff.
Aquele “era bonito levar um disco de Natal” ficou a dançar-lhe por dentro.
Ao longo dos tempos o apertado orçamento caseiro nunca lhe permitiu grandes voos. Tinha apenas uns discos, avulsos, de vinil com canções e músicas de Natal, nada de especial. Quase um ano depois daquela conversa de mãe e filha na “Valentim de Carvalho”, comprou um CD player, “Sony PM 97, na “Transom”, ali à Estefânia. A factura tem a data de 30 de Novembro de 1989 e custou-lhe 60.000$00 na moeda antiga e ainda não havia IVA.
No dia seguinte começou a saga de comprar discos de Natal, que ol eva, hoje, a contabilizar a existência de 96 CDs. Não se admirem, há quem tenha centenas e centenas e centenas, donde ele apenas ser um modestíssimo membro do “Clube dos Maluquinhos das Músicas e Canções de Natal”.
Já agora querem saber qual foi o primeiro CD de Natal que comprou?
“Tradicional Christmas Carols” do Pete Seeger.
Durante estes dias irá seleccionar alguns desses discos.
Mas o primeiro, inevitavelmente, teria de ser o EP da “POLYDOR” que, naquela já longínqua noite, rodou na casa em que vivia com os pais, a irmã e o avô, deixando uma família na serena paz de uma noite silenciosa.
Memórias antigas, ternuras doces.

1 comentário:

teresa disse...

Fantástica esta evocação a Pete Seeger. Desconhecia que o intérprete também tivesse entoado "Christmas Carols". Dele só tive direito a cassete com temas como: "Little boxes"; "Black is the color"; e tantos textos country que narravam viagens de comboio pelas verdes paisagens da América:)