20 de abril de 2007

A alegria da morte

Image Hosted by ImageShack.us
"Desde que um dia vi no Asilo dos Inválidos do Trabalho, ao pé dos Prazeres, alguns bons velhotes construindo os seus próprios caixões, entre gargalhadas que dir-se-iam de crianças - a morte apareceu-me diferente. Caía uma tarde dourada sobre o parreiral da oficina, e tudo à volta era sossego e bíblica calma do Senhor. Enquanto pregavam os ornamentos das respectivas tumbas, assobiavam eles, e contavam uns aos outros, velhas, alacres e talvez picantes histórias vividas. E ninguém ali, no convívio da morte e tão perto do cemitério, pensava nela com medo de morrer. Ao contrário, esperavam-na tranquilos, como o supremo momento da vida.
A morte pode não ser triste. Mas ridícula nunca a devíamos consentir.
É um crime repugnante."

Leitão de Barros, "Corvos 2º Volume",

Sem comentários: