12 de novembro de 2006

God Bless America?

Acho que, apesar de tudo, se tem vindo a laborar num erro... isto a propósito da recente - e estrondosa - derrota Republicana nas eleições "intercalares" americanas.

De repente, parece que soprou uma lufada de ar fresco, e nesta bolorenta velha Europa gritou-se logo que, finalmente, a "Boa América" ganhou, que a sua vitória era uma clara reprovação à Guerra do Iraque e que agora toda a politica externa americana irá mudar. Do outro lado, os indefectíveis Republicanos assobiam para o ar, e argumentam que a derrota tem a ver com múltiplos factores que não a política externa de Bush.

É evidente que a derrota tem essencialmente a ver com as más opções de política externa americana e com o atoleiro iraquiano onde se enfiaram, contentes e de olhos fechados. Mas, por outro lado, acho que isto não foi nada a vitória da "Boa América" porque, simplesmente, essa "Boa América Democrata" não existe, a não ser na cabeça de alguns. Todas a decisões da administração Bush que levaram à segunda invasão do iraque - e muitas outras - foram maioritariamente apoiadas pelos Democratas, que, tirando algumas vozes, se comprometeram a fundo com a estratégia Bush. E este voto, mais que um protesto contra a presença no Iraque, é um protesto contra a morte de soldados americanos no Iraque: caso isto fosse o atoleiro que é mas não morressem jovens americanos, a história seria muito diferente.

E assim, para lá de mudanças de estilo e de uma estratégia mais racional e pragmática, a política externa Americana manter-se-á na mesma (penso eu...). Porque não há nem "Boa" nem "Má" América... Só há a América, que é a única superpotência mundial, que tem uma preocupação extrema - e legítima - com a sua segurança interna e que está convencida que, no seu papel de polícia do mundo, pode impor os seus padrões de liberdade e democracia onde reinam as trevas (dizem eles...). Só que pode não o conseguir...

Mas, e acho que já o disse aqui, dentro do que nos podia sair como polícia do mundo os EUA até são o que de melhor existe. Cometem erros? Claro, e agora são evidentes... Trazem benefício à humanidade? Acho que sim, e que o saldo é positivo. E como, nestas coisas de história, a análise e o ponderar de saldos têm que ser feitos com algum distânciamento, o que ainda não ocorre em relação a esta "Cruzada Contra o Terrorismo Global", eu diria que há que dar tempo... E, se agora muita coisa parece injusta e errada, basta lembrar das críticas ferozes que se fizeram, nos anos 70 e 80 do século passado, às posições firmes americanas contra o Bloco de Leste... no entanto, passados 20 anos, é fácil reconhecer a justeza e necessidade destas posições.

E assim termino, não com uma censura à critica - que é livre e saudável - mas com um apelo ao, digamos, benefício da dúvida.


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