Meus Amigos.
No dia 5 de Maio, cumprem-se três anos sobre a partida de alguém que muito marcou a minha vida e que me levou a vê-la sob uma prespectiva diferente. Foi talvez dos maiores choques que até hoje sofri. Antes, só mesmo o desaparecimento do meu avô paterno me deixara tão abalado, triste e com um sentimento de vazio, desse vazio que nos envolve quando sentimos impotência perante a triste realidade da morte.
A simplicidade da sua vida, a humildade com que a enfrentou, as convicções e ideais que defendeu, sempre foram a razão do charme com enfeitiçava aqueles com quem privava. Jamais lhe ouvi um queixume, daqueles a que nos habituamos a soltar perante as adversidades da vida. Sempre que surgia alguma revolta sobre qualquer tema quotidiano, social ou político, ele avançava com uma proposta como solução, via sempre os problemas do ponto de vista social e humano, questionava as posições da sociedade, perante os problemas que cria e nos quais se deixa envolver, sem saber nunca encontrar as respostas certas. Ciente que não era único o seu ideário, sempre fundamentou os seus convictos ideais libertários, mas nunca com fundamentalismos ideológicos, antes sempre com uma flexibilidade adaptável a cada realidade.
Recordo-me dos longos diálogos à lareira, ou na sala, em casa da minha avó materna. As raras visitas a Castelo Branco, eram sempre um dos pontos altos das reuniões familiares. Eu, era um puto, tal como os meus primos e a minha irmã! Falava-se de tudo, mas invariávelmente as conversas acabavam por encalhar na política e na orgânica da sociedade. Era uma delícia escutar as acaloradas "discussões" na defesa das convicções de cada um.
O meu avô, quase sempre com uma postura expectante, apartidária, sempre com curtas intervenções, plenas de sabedoria da sua longa experiência de vida.
O Meu pai (seu cunhado), fervoroso monárquico militante, com as suas posições críticas acerca da república, sempre questionando a sua legitimidade na sucessão do regime monárquico e a exorcisar constantemente os papões-de-meninos dos "comunas". Acabavam sempre por desempatar as discussões através de longas partidas de xadrez ao longo da noite, momento em que até as moscas se ouviam a zunir fora da casa.
O tio Amílcar, artista plástico, o mais velho dos "manos", sempre a puxar para o seu lado as preocupações acerca das erradas políticas do novel governo de Angola, apoiando ora um, ora outro, à guisa de peso-de-acerto de balança. De vez em quando, lá mandava uma bicada à esquerda, outras à direita, sem esquecer as estocadas no súbdito de SAR, D.Duarte Nuno (às vezes o paterno afinava!!!)
O da esquerda era sem dúvida o tio Quim!! O mais novo, o único que combatera numa guerra, acerca da qual nunca entendera porquê. Socialista convicto (se existisse na altura o BE, seria um fiel seguidor do "Chico" Louçã), só lhe faltava o punho erguido quando manifestava a sua opinião, mas nunca com a convicção ou argumentos que se desmoronavam perante os dirimidos pelas velhas raposas!! É que na realidade, isto de defender convicções, tem lá porras e estou convencido, que o Ti Quim, o que sempre quiz foi, sopas, descanso e que não lhe abanem a tarimba!
Sempre brincalhão, crítico, daqueles críticos que dizem as coisas e nos deixam a pensar, senhor de uma capacidade expressiva e expontaniedade contagiante, o Tio Rui fazia passar a sua mensagem, e até a nós, os putos, nos deixava a pensar - "O tio não fala como os restantes... não parece um político!!".
A simplicidade da sua vida, a humildade com que a enfrentou, as convicções e ideais que defendeu, sempre foram a razão do charme com enfeitiçava aqueles com quem privava. Jamais lhe ouvi um queixume, daqueles a que nos habituamos a soltar perante as adversidades da vida. Sempre que surgia alguma revolta sobre qualquer tema quotidiano, social ou político, ele avançava com uma proposta como solução, via sempre os problemas do ponto de vista social e humano, questionava as posições da sociedade, perante os problemas que cria e nos quais se deixa envolver, sem saber nunca encontrar as respostas certas. Ciente que não era único o seu ideário, sempre fundamentou os seus convictos ideais libertários, mas nunca com fundamentalismos ideológicos, antes sempre com uma flexibilidade adaptável a cada realidade.
Recordo-me dos longos diálogos à lareira, ou na sala, em casa da minha avó materna. As raras visitas a Castelo Branco, eram sempre um dos pontos altos das reuniões familiares. Eu, era um puto, tal como os meus primos e a minha irmã! Falava-se de tudo, mas invariávelmente as conversas acabavam por encalhar na política e na orgânica da sociedade. Era uma delícia escutar as acaloradas "discussões" na defesa das convicções de cada um.
O meu avô, quase sempre com uma postura expectante, apartidária, sempre com curtas intervenções, plenas de sabedoria da sua longa experiência de vida.
O Meu pai (seu cunhado), fervoroso monárquico militante, com as suas posições críticas acerca da república, sempre questionando a sua legitimidade na sucessão do regime monárquico e a exorcisar constantemente os papões-de-meninos dos "comunas". Acabavam sempre por desempatar as discussões através de longas partidas de xadrez ao longo da noite, momento em que até as moscas se ouviam a zunir fora da casa.
O tio Amílcar, artista plástico, o mais velho dos "manos", sempre a puxar para o seu lado as preocupações acerca das erradas políticas do novel governo de Angola, apoiando ora um, ora outro, à guisa de peso-de-acerto de balança. De vez em quando, lá mandava uma bicada à esquerda, outras à direita, sem esquecer as estocadas no súbdito de SAR, D.Duarte Nuno (às vezes o paterno afinava!!!)
O da esquerda era sem dúvida o tio Quim!! O mais novo, o único que combatera numa guerra, acerca da qual nunca entendera porquê. Socialista convicto (se existisse na altura o BE, seria um fiel seguidor do "Chico" Louçã), só lhe faltava o punho erguido quando manifestava a sua opinião, mas nunca com a convicção ou argumentos que se desmoronavam perante os dirimidos pelas velhas raposas!! É que na realidade, isto de defender convicções, tem lá porras e estou convencido, que o Ti Quim, o que sempre quiz foi, sopas, descanso e que não lhe abanem a tarimba!
Sempre brincalhão, crítico, daqueles críticos que dizem as coisas e nos deixam a pensar, senhor de uma capacidade expressiva e expontaniedade contagiante, o Tio Rui fazia passar a sua mensagem, e até a nós, os putos, nos deixava a pensar - "O tio não fala como os restantes... não parece um político!!".
Deixo a seguir um texto, feito por um dos seus Amigos de infância, que sempre o acompanhou e resolveu desta forma dar a conhecer o seu percurso de vida. Faço-o em jeito de homenagem, agora que se aproxima o 3º aniversário sobre a sua partida. Ele foi na realidade um dos Homens que marcou profundamente a minha vida e estou convicto, a vida de toda a gente que teve o privilégio de com ele conviver.
Rui Antonino Pombares Vaz de Carvalho
Obrigado Tio Rui.
Rui Antonino Pombares Vaz de Carvalho
Obrigado Tio Rui.
4 comentários:
TIO RUI
TEU IRMÃO , AMILCAR VAZ DE CARVALHO, MEU TIO ZÊ, JUNTA - SE A TI HOJE!
TANTO ELE COMO TU , FICARAM PARA SEMPRE EM NOSSA MEMÔRIA, E NOS NOSSO CORAÇÕES.
RECEBE - O BEM, QUE NOS CUSTA MUITO VE-LO PARTIR.
um abraço grande jô...
Um grande abraço Jô
Gostei de muito de ver.
Ao tio Amilcar a Saudade
Rui Carlos Lopes Vaz de Carvalho
Julgo que possuo um quadro de teu tio, de que muito gosto por a ele me ter afeiçoado desde o dia em, menino e moço, o vi "pendurado" em casa de meus pais...
Um abraço
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