6 de julho de 2005

o negócio do papel pintado e o seu 'uzo' para o negócio dos telemóveis

cegos são, e condutores de cegos
(mateus, citado de memória)


um molho de papel impresso vendido com o nome global de correio da manhã, noticiava ontem a todo o tamanho da sua primeira página que os portugueses perdem 100 euros por não escolherem a melhor tarifa de telemóvel.
até aqui nada de anormal, a não ser o facto de muitos milhares de pessoas nem sequer carregarem os seus cartões com 100 euros, quanto mais poupar essa quantia (a menos que as operadores lhes devolvessem dinheiro para atingir a mencionada poupança).


a questão é...a página 3 desse monte de papeis impressos:
um anuncio que abrange a totalidade da almejada e caríssima página 3, a anunciar um serviço de telemovel que se propõe fazer poupar a todos os seus aderentes, sejam que tarifa e operador tiverem.

o correio da manhã é um habitual nestes casos.
é famoso o seu apelo ao voto na ad nos anos 80, em que, num arrango gráfico de esperteza saloia, fazia com que se lesse 'votar ad é um dever'
uns anos depois vendeu a sua primeira página à procter & gamble para anunciar um seu detergente, sem indicação de publicidade
ontem é uma notícia de primeira página (notícia porque não é publicitada como publicidade) em ligação directa à página imediatamente seguinte onde está o anúncio que a completa.


a semana passada assisti a um debate onde participou o director destas folhas impressas e o director do jornal de distribuição gratuita 'metro'.
dizia o senhor joão que o metro jamais podia fazer bom jornalismo porque, sendo o seu jornal gratuito, estava preso dos anunciantes, enquanto que ele, joão, podia fazer livre jornalismo porque tinha a receita da venda do jornal.

serve a afirmação para ficarmos a saber que esta falta de ética jornalística nem era necessária do ponto de vista financeiro.
é mesmo falta de ética.


a edição de ontem do correio da manhã foi pornografia pura

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