4 de julho de 2004

Ora vejam

Aqui no Brasil não se dá muita bola para técnico de futebol. Ou melhor: não se dava. Ultimamente, e lentamente, isso vem mudando, mas ainda nos meus tempos de moleque, nos anos 70, se ouvia dizer que o técnico era um inútil decorativo, e que quem ganha (e perde) mesmo os jogos são os jogadores. Citava-se muito a história de Vittorio Pozzo, treinador da Itália em 34 e 38, guindado ao cargo por uma excelente qualificação: falava inglês... Mas, eu digo, vem mudando. A tal ponto que não se pode abrir um único jornal brasileiro de hoje sem que se veja o nome do Scolari por todos os lados. Olhem, eu gosto dele: foi o treinador do meu Palmeiras quando ganhamos a Libertadores, em 99. Foi o técnico campeão na última Copa. Porém falam dele como se, além de treinador, fosse também os onze jogadores de Portugal; como se treinasse e jogasse também; como se, sem ele, nada se pudesse conseguir. O que não é verdade. Seja o Scolari o próprio super-homem: se não tiver um time que preste, não vai. E o time de Portugal presta. Portanto, embora o Felipão tenha méritos (e o maior é o que sempre teve: transforma onze jogadores em onze alucinados), nada ganhará sozinho.


Ao contrário do nosso ufanismo brasileiro, ler os jornais argentinos é um antídoto e uma antípoda: neles, nunca se cita o nome do Felipão, ou somente o citam de passagem, onde é inevitável. Para eles, Bianchi é melhor (a reportagem avisa até quando ele fica resfriado). Odiamo-nos, brasileiros e argentinos, essa é a verdade - ao menos, a do futebol.

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