9 de outubro de 2013

Os morangos de Ingmar Bergman



«O que é ser realizador?» – perguntaram a Bergman em entrevista, corria o ano de1964: «Oito horas diárias de trabalho árduo, para conseguirmos 3 minutos de filme». Mas fazer um filme é também a escrita de guiões elaborados pelo realizador, na remota ilha de Farö, na Suécia. Ao longo de décadas, a mesma rotina : depertar às 8h, escrita das 9h ao meio-dia , seguindo-se a parca refeição. «O almoço era sempre o mesmo» - lembra a diva Bibi Andresson- «uma espécie de leite azedo e compota de morango: singular mistura, a lembrar comida para bebé, à qual adicionava Corn Flakes». Após a refeição, Bergman trabalhava das 13h às 15h, para depois fazer a habitual sesta de uma hora. No final da tarde,  a caminhada ou, em alternativa,  o ferry para uma ilha vizinha, a fim de comprar jornais e recolher a correspondência. Ao serão lia, encontrava-se com amigos, assistia a uma longa metragem ou a uma série televisiva (era fã de Dallas). «Nunca consumi álcool ou drogas» - afirmou- «ocasionalmente, bebo um copo de vinho, o que me deixa incrivelmente feliz.»

Excerto de Daily Rituals, de Mason Currey

(fonte: The Guardian, 5/10/13, tradução informal para este blogue)

2 comentários:

Luísa disse...

Quando li o título pensei "será que também têm açúcar?" (sou tão parva!).
Mas, de tudo, o que me fascinou ler sobre este homem foi o facto de não consumir drogas. A sério!
É que eu estou farta de ouvir "é normal nestes meios haver drogas e excessos". A mim não me parece normal! Que consumam para aliviar a asma (aqui sem brincadeiras) eu compreendo. Mas para se inspirarem... para conseguirem superar o stress... Façam como ele: trabalhador metódico que convivia com os amigos e bebia um copo de vinho de vez em quando (acredito que ficasse muito feliz, se não era costume beber... :D )

teresa disse...

Entrevistas que me marcaram há algum tempo e sobre o processo de escrita : Agustina, trabalhadora metódica, encerrada num gabinete pequeno, a escrever em horário rígido, como funcionaria zelosa. António Lobo Antunes , a fazer noitadas até o sol nascer, a encher cinzeiros. Também fiquei tocada pela rotina do realizador sueco :)