14 de setembro de 2011

Manhãs claras



Quando o dia se encontra preenchido de tarefas, decide-se chegar muito cedo e fazer a pé grande parte do trajeto através de ruas ainda pouco povoadas. Pequenos lapsos de memória, após alguns quilómetros, fazem com que ao chegar à artéria pretendida se descubra o facto de se ter entrado pelo lado oposto. Há que fazer a subida, respirando o ar fresco que se faz sentir num início de manhã. O dia, esse, adivinha-se de um calor a contrariar a chegada do Outono. Pelo caminho, agradáveis esplanadas acenam, sugerindo que ainda haverá tempo para, após o primeiro dever cumprido, se ficar por lá, debaixo das árvores a folhear, sem pressas, o jornal da manhã.
A dona do pequeno café parece conhecida de longa data, sorri espontaneamente a estranhar a sugestão de um pagamento antecipado. Faço o pedido ao balcão, pressentindo ter deixado escapar uma expressão de férias, embora a indumentária mais formal contrarie tal miragem.
Uma senhora simples, de idade próxima, dirige-se-me amavelmente com um «diz-me as horas, menina?» - sorrio ao tratamento de moradora de bairro sentindo-me, pela segunda vez, bem acolhida. Apetece permanecer, percorrendo o jornal como quem lê um romance, sem esquecer a resolução das palavras cruzadas, mas as obrigações chamam.
Pergunta-se ainda onde foi captada a imagem, conseguirão responder?

Av. Conde Valbom.

6 comentários:

Paula Alexandra Santos disse...

Lisboa eheheheheh!
Uma das coisas que mais gostava, era de manhã quando ia apanhar o Metro no Chiado, parar numa pastelaria na Rua Augusta e tomar ali um pequeno-almoço ou ver as montras calmamente...
Tão bom!

teresa disse...

Vejo que a sensação de não se andar a correr e de apreciar pequenos momentos não é um exclusivo meu, Paula.

No caso pessoal, ainda se lhe acrescenta outra escolha: em horas de pouca confusão, para além da paragem no café, tira-se partido das caminhadas longas, como se estivesse a passear pelos atalhos perto de casa:)(isto quando não caem valentes cargas de água)

Vic disse...

Avenida da Liberdade. Será?
Lisboa de há uns anos atrás era uma cidade boa para passear, e era-se recebido em quase todo o lado como vizinho. Hoje, as coisas estão diferentes, há alturas e sítios onde é perigoso passear, e cada vez mais, os sítios onde somos recebidos como amigos chegados embora, na verdade, sejamos desconhecidos, são autênticos oásis. Sinais dos tempos...

VdeAlmeida
(http://aruainclinada.blogspot.com/)

teresa disse...

Não se trata da Av. da Liberdade e concordo com o que refere no seu comentário, o que explica valorizarmos certos pormenores sempre que nos sentimos bem acolhidos.

José Quintela Soares disse...

Av. Conde Valbom?

teresa disse...

Está certo,José Quintela Soares.