contava que nunca trabalhou, nunca entrou numa cozinha, viajou pela europa e américa, que tinha nascido num berço de ouro e que tinha tido sempre tudo.
talvez por isso quando a solidão lhe bateu à porta (aquela 'malvada senhora', no dizer educado de joão serra), tenha sentido necessidade de sair da sua casa e vir para a rua dizer olá (olá e não adeus, como ele sempre afirmava).
pelos finais de tarde no restelo e pela noite no saldanha, perto de onde sempre tinha vivido.
alguns amigos criaram-lhe um blogue para retratar o seu modo de ver o mundo. como ele não frequentava a net, mostravam-lhe aos domingos, por altura da sua ida sagrada ao cinema, todos os comentários que lá eram deixados.
na primeira noite em que fisicamente seria impossível dizer olá a quem passasse, os seus amigos reais ou virtuais fizeram-lhe a mais bela homenagem que lhe poderiam ter feito:
centenas foram para os passeios da fontes pereira de melo dizer olá a quem passava...
quando um dia lhe perguntaram se os lisboetas iriam sentir a falta quando ele deixasse de dizer olá, ele respondeu com a sua tradicional lucidez: fazem-me muito mais falta eles a mim do que eu a eles.
ontem, numa espécie de seguimento da directiva 'que cem flores desabrochem', centenas de lisboetas foram para a 'sua' fontes pereira de melo dizer olá a quem passava...
1 comentário:
olá que transcende tudo o que parece mais importante ...
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