4 de março de 2010
VIGARISTAS DE BAIRRO
Foi buscar o título a um filme do Woody Allen, porque não sabe que título havia colocar. Ou por outra: sabe perfeitamente, mas entende que…
De repente fomos invadidos por gestores editoriais.
É do tempo em que os editores amavam os livros.
Agora o que nos calhou em sorte, editam livros como poderiam fazer uma outra qualquer coisa que lhes dê lucros avultados.
Entre outras editoras, essa coisa que dá pelo nome “Leya”, comprou a ASA.
De repente descobriram que os livros que ocupavam os armazéns da ASA lhes estava a roubar espaço de que necessitavam não se sabe bem para quê. Talvez jogar ao berlinde.
Alguém que soubesse que um livro não é uma abóbora, trataria de desimpedir os armazéns da ASA oferecendo os livros a escolas, a hospitais, a prisões, aos que pelo mundo, ensinam o português e lutam com sérias dificuldades, como o caso daquela professora de Timor de que falámos aqui há dias, ou ainda colocá-los no mercado a preços acessíveis, longe dos preços elevadíssimos que a ganância impõe.
Tanta coisa, tanta coisa que eles poderiam fazer.
Mas sabe-se o que os cérebros mandaram fazer: guilhotina com os livros.
Os nazis queimavam-nos, estes guilhotinam-nos.
E se lhes guilhotinassem uma coisa que ele cá sabe?...
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4 comentários:
Não posso crer...não quero crer...há crimes menos graves que merecem pena. Quanto investimento de espírito e passagem de conhecimento contém um livro...Continuo a não querer crer...
Um professor na faculdade já me tinha dito isso. Quando eu e os meus colegas falámos em dar os livros a quem não pode comprar ele disse: "Concordo convosco. Mas isso quer dizer distribuição, logística, camiões, pessoas que têm que ser pagas. E isso não dá lucro." Isto foi dito com muito pesar e no tempo em que não havia essa coisa que dá pelo nome de Leya. Nesta altura do campeonato o senhor já teve um surto qualquer... O que me dá raiva é que por muito que eu queira boicotar essa editora... o polvo já se espalhou e muitos dos livros que eu quero só no original ou traduzidos por eles. Como eu não conheço todas as línguas...
Num país ainda analfabeto, em que uma razoável parte são doutores e engenheiros, publicam-se milhares de livros que ninguém lê. É um mistério. Claro que os livros não se vendem e acumulam-se nos armazéns.
De há uns anos a esta parte constituíram-se empresas que duarnte o ano ornanizam feiras de livro ocasionais. Essas empresas colocam camionetas à porta das editoras e vá de as encher. Nos primeiros tempos ainda se encontravam boas pechinchas a preços que andavam entre 1 e 5 euros. Só que esta gente que gosta mais de euros do que livros não tardou a colocar os livros quase ao mesmo preço das editoras e hoje em dia é raro encontar algo que valha a pena.
O que a Leya fez é um crime. Tantos e variados destinos a dar àqueles livros onde havia obras de Urbano Tavres Rodrigues, Eugénio d'Andrade, Vasco Graça Moua, Eduardo Lourenço tanta gente, tanta gente...
Ofinal do seu comentário aponta para um dilema: a Leya tem os melhores autores, quer portugueses, quer estrangeiros.
Há dias no “Público”, um artigo assinado por um professor universitário, Luís Francisco tinha o título: “Se conduzir não Leya”
Fica a pensar que se sentiria muito feliz se os melhores autores da Leya, face a este crime sem nome, saíssem porta fora.
Claro que vai esperar sentado...
Um abraço
Para mim os livros são vidas da minha vida!!!! Impensável pois o destino que a Leya lhes deu...ainda que estivessem "ultrapassados", "velhos", "amolgados"...
retrato da nossa sociedade??? Ao que parece, infelizmente!!!!
Cada vez mais actual o livro de Fernando Báez - "História Universal da Destruição dos Livros"...da Texto.
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