7 de outubro de 2009
Paul Eluard a propósito de castanhas...
(agradeço a imagem à R., acrescentando desconhecer a fonte)
Nos últimos dias o Gin-Tonic e a T referiram aqui as castanhas de Outono. Há cerca de um ano, tendo ido pela primeira vez a um concerto no Campo Pequeno agora renovado, estranhei o aspecto asséptico dos actuais pacotes de castanhas vendidas no exterior lembrando, de modo nostálgico, os embrulhos feitos - pelo menos na minha região sintrense junto à estação de comboios - com páginas da lista telefónica... e que as autoridades competentes não leiam o desabafo.
E vá-se lá saber porquê, sempre que penso em outonais castanhas (em memórias visuais e olfactivas), lembro um texto marcante de Eluard presente na selecta do liceu. Poderá ter sido apontamento de uma época, embora - opinião pessoal - haja textos intemporais:
Paris a froid Paris a faim
Paris ne mange plus de marrons dans la rue
Paris a mis de vieux vêtements de vieille
Paris dort tout debout sans air dans le métro
Plus de malheur encore est imposé aux pauvres
Et la sagesse et la folie
De Paris malheureux
C'est l'air pur c'est le feu
C'est la beauté c'est la bonté
De ses travailleurs affamés
[...]
Tu vas te libérer de la fatigue et la boue
Frères ayons du courage
Nous qui ne sommes pas casqués
Ni bottés ni gantés ni bien éléves
Un rayon s'allume en nos veines
Notre lumière nous revient
[...]
Paul Eluard
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7 comentários:
Um dia eu e o meu irmão encontrámos 2,5 escudos na rua. Resolvemos ir para a Baixa comprar castanhas. Por azar tiraram-lhe uma foto que apareceu na capa de um jornal da tarde. A minha mãe deu-nos um raspanete de meia noite por termos ido para a Baixa sozinhos e sem dizermos nada a ninguém...
Esta bela foto fez-me lembrar esse episódio há muito esquecido :)
lalage,
É caso para dizer que 'o crime não compensa', apesar de não me parecer que comer castanhas seja um crime:)
... e o que se podia comprar com as velhinhas moedas de 25 tostões (já pareço a minha avó a falar)...
hehehe foi mais por termos ido para longe sozinhos...
Obrigada pelas sugestões para as germinações que vou fazer este ano :)
you're welcome e ... boas germinações:)
Vi-me e desejei-me para ler o francês, que coitadinho... há muito anda esquecido, mas gostei.
Agora quanto aos cartuchos das listas telefónicas... cá acho que se devia fazer um protesto, criar uma lei de excepção (como existem para outras coisas - lembrei-me agoira dos touros de morte) e permitirem qie se possa comer casstanhas apresentadas em cartuchos à moda antiga. Até porque eu ainda não percebi muito bem onde entra a parte da higiene com os pacotes novos....
Olá Luísa,
Nós (os mais 'idosos'), ainda somos do tempo em que o Francês era a primeira língua a aprender na escola (apesar de ter muito mais anos de Inglês por opções de estudo e o meu primeiro curso foi de Alemão, tendo sido um relacionamento problemático...).
Prometo que para a próxima traduzo logo, mesmo que menos bem, aceitando correcções:)
Quanto aos cartuchos antigos, eram mesmo feitos com folha de jornal ou de lista telefónica, a mais utilizada cá pela região saloia.
Agora são vendidas as castanhas nuns sacos de papel branco, já não é a mesma coisa. Só há pouco mais de um ano descobri isso, quando fui ouvir o Paco de Lucia:)
Pois é, Teresa, ele também tem muitas dificuldades com os novos pacotinhos das castanhas.
Há coisas que se agarram à pele e não há volta a dar. Acabadas as castanhas, divertia-se com a leitura das linhas sisponiveis dos pacotinhos feitos com papel de jornal ou das listas telefónicas.
Há coisas em que é um terrível conservador... e está já velho para mudar...
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