8 de outubro de 2009
O livro da segunda classe
À procura de um livro de exercícios gramaticais (ainda não encontrado), acabei por dar de caras com este antigo exemplar com o qual muitos convivemos na escola primária.
Surpreendeu-me o facto de ser esta a 6ª edição datada de 1958, ano em que ainda me encontrava distante destas lides de aluna. Tudo isso me levou a pensar no facto de serem utilizados os mesmos livros durante décadas.
Certamente muitos se lembrarão deste exemplar, do qual passo a transcrever o seguinte texto, idêntico a tantos outros no ideário transmitido:
Não lavro nem semeio, e todos os dias como pão.
Ando vestido e calçado, e não sei fazer a minha roupa nem os sapatos.
Vivo numa casa que não construí, e durmo descansado toda a noite.
De terras distantes mandam-me o açúcar e o café.
Se adoeço, vêm de todo o mundo, remédios para me curar.
E ando, rio, brinco à vontade, porque será logo preso quem me fizer mal.
Eu sou ainda pequenino, nada sei fazer, e tenho todas estas riquezas e bens.
É que muitos homens, cada um dentro da sua profissão, trabalham para mim e para a colectividade. E a colectividade, para que tudo funcione ùtilmente e com ordem, é organizada e dirigida pelo Estado que coordena e assegura o livre exercírcio de todas as actividades necessárias à vida da Nação.
Amanhã também eu serei homem. Saberei trabalhar para bem de todos.
É para aprender a ser homem que venho à escola.
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11 comentários:
Estou recordada da capa e dos "Passarinhos". Mas do outro que citaste não. Talvez a minha professora ignorasse essa página:)
A minha professora (o VV que te conte, ainda no domingo foi tema de conversa durante o almoço) nunca de tal se esqueceria, ainda há cerca de um ano quando me cruzava com ela sentia-me desconfortável (para usar um eufemismo e ser bem-educada)...
e como eu recordo o da 1 classe :) " a emilinha eh muito boa dona de casa varre a casinha " :)
era algo assim ....
qdo for a Portugal ' tou tentada a comprar essas preciosidades
também me lembro da capa e dos passarinhos e também não me lembro deste texto
Idem. Lembro-me dos passarinhos, mas não do outro texto.
Fiz a 2.ª classe em 1967/68 (nunca frequentei a 1.ª, entrei directamente para a 2.ª e fiz um exame de passagem oficial a meio do ano).
Imaginei que muitos se recordassem do livro, pois foi utilizado durante muitos anos.
Todas estas preciosidades foram reeditadas e independentemente de algumas mensagens datadas acabaram por cair no esquecimento colectivo o que é explicado - ainda hoje é teoria válida - por Piaget : o nosso estádio de desenvolvimento não captava algumas ideias e ainda bem.
Os poemas do Afonso Lopes Vieira (este, o do 'gato à sua janela' e tantos outros) ficavam na memória por serem mais simples e - caso pessoal e certamente o de tantos outros - eram memorizados para as tais récitas muito 'espontâneas', embora se saiba hoje que memorizar faz bem aos neurónios:))
O meu livro da 2.ª classe tinha uma capa diferente, mas lembro-me perfeitamente do poema dos passarinhos :)
Esta é a capa do livro no meu tempo: http://educar.wordpress.com/2005/12/12/as-segundas-letras/
Fui espreitar pois apesar de visitante e comentadora 'lá do sítio', o post tinha-me escapado. Reconheci o livro, pois penso que o meu irmão mais novo já teve direito a esse exemplar:)
A Lalage mostrou que é mais nova do que nós. Lembro-me perfeitamente de ver o livro que ela indica lá em casa, era da minha irmã Ana, seis anos mais nova. :)
Acho que o meu ano e talvez o seguinte devem ter sido os últimos a ter este livro.
Teresa:
Eu entrei para a 2º classe em 63, ainda com 6 anos, e o meu irmão mais novo tem menos 10 do que eu, por isso tenho bem presente que ele já estudou pelo livro que a lalage refere, a memória visual da capa 'não engana':)
Teresa,
(lá estamos nós com estes diálogos surreais... lol)
Eu entrei em 67, como disse acima, e ainda tive este. minha irmã é mais nova seis anos, o teu irmão dez. Bate certo. Nasceram por 66, 67. Tiveram este livro lá por 1972, o meu primeiro ano de Liceu.
E por falar em Liceu... há aqui alguém do Liceu de Camões, o melhor do país? Completa 100 anos na próxima sexta-feira. Coisa bonita, até o Presidente da República vai estar presente. Eu tirei uma tarde de férias para ir.
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