(fonte: sítio da Câmara Municipal de Sintra)
Ainda com nove anos comecei a frequentar o estabelecimento enquanto aluna. Tratava-se do Liceu de Passos Manuel, secção de Sintra, onde só funcionavam turmas de 1º e 2º ano. Quem desejasse prosseguir estudos teria de se matricular em estabelecimentos de Lisboa. Três anos mais tarde, seria construído o Liceu Nacional de Sintra.
Curiosamente, até ao então designado 2º ano de liceu, as turmas eram mistas – situação que a partir do 3º ano viria a ser alterada.
Apesar de tal facto , no espaço exterior às salas de aula, as áreas de circulação eram separadas: a imponente escadaria que conduzia às salas era bipartida, destinando-se um lance a ser da exclusiva utilização dos alunos e outro das alunas. Quem transgredisse tal medida (e nem a tal nos atrevíamos) estaria sujeito a procedimento disciplinar.
No piso térreo existia a repartição de Finanças onde – desde muito nova – passei horas para , em estrita obediência a instruções paternas, pagar os impostos e apanhar 'secas' de que não existe memória, apesar de hoje compreender que tais incumbências terão ajudado à autonomia… já na idade da rebeldia comentávamos entre irmãos termos sido promovidos a ‘solicitadores encartados’…
O reitor da 'escola do casino', de aspecto austero, perdeu (a título pessoal) um pouco o seu ar sisudo quando o meu pai – que por deveres profissionais conhecia meio mundo – me confidenciou ser tal professor conhecido nos meios de Coimbra por Xabregas, tocador de guitarra nos tempos de faculdade.
Na época dizíamos que estudávamos no casino, dado o edifício ainda se encontrar ligado ao antigo rótulo que presidiu à sua construção.
Sendo opinião pessoal que quando os edifícios continuam bem conservados, destinando-se a beneficiar o público a alteração de funcionalidade é aceitável – e penso aqui já ter feito referência ao facto – exerce fascínio o facto de , na actualidade, associar as salas de exposição a espaços frequentados na juventude enquanto aluna, dado a traça original ter sido respeitada.
Como curiosidade e dado desconhecer até à data alguns detalhes, passo a transcrever a informação colhida no blogue “Rio das Maçãs”:
O Casino de Sintra foi construído sob projecto do arquitecto Norte Júnior, em 1922-24, como Casino durou pouco, posteriormente foi ocupado por um Liceu, pela Repartição de Finanças de Sintra, e nos últimos anos pelo Museu de Arte Moderna, onde tem estado em exposição parte da colecção Berardo.
Curiosamente as obras do Casino de Sintra foram iniciadas sem licença e sem que tivesse sido apresentado na Câmara qualquer projecto.Por tal motivo foi aplicada uma multa, que a empresa pagou.Era no Casino que se realizava os ensaios do Orfeão de Sintra, que chegou a ter duzentos elementos Foi seu regente o maestro Luis Silveira. O Orfeão de Sintra terminou precocemente em 1926 ou 1927.
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