“A Queda”
Albert Camus
Tradução: Jorge Terra
Capa: Bernardo Marques
Colecção Miniatura Nº 76
Edição Livros do Brasil
Lisboa, s/d
“Não amaremos talvez insuficientemente a vida? Já notou que só a morte desperta os nossos sentimentos? Tal como nós amamos os amigos que acabam de deixar-nos, não acha? Como nós admiramos os nossos mestres que já não falam, com a boca cheia de terra! A homenagem surge, então, muito naturalmente, essa mesma homenagem que talvez eles tivessem esperado de nós, durante a vida inteira. Mas sabe por que somos sempre mais justos e mais generosos para com os mortos? A razão é simples! Com eles já não há deveres. Deixam-nos livres, podemos dispor do nosso tempo, conciliar a homenagem entre o cocktail e uma gentil amante, nas horas vagas, em suma. Se algum dever nos impusessem, seria a memória e nós temos a memória fraca. Não, é o morto recente que nós amamos nos nossos amigos, o morto doloroso, a nossa emoção, enfim, nós próprios.”
4 comentários:
A capa é apelativa, mas o texto suscita algumas (diria muitas) reflexões:
1- tenho vaga ideia de um poema de Brassens que faz referência a isto: depois de mortos, todos são 'maravilhosos' ou é tabu referir em que particulares nos incomodaram;
2- não sei serã português se universal ser mais fácil apontar defeitos do que apreciar o que de bom os outros têm (eu sem bajular gosto de 'deixar passar' como é agradável cruzar-me neste breve trajecto com algumas pessoas e só para com essas as memórias trazidas a público fazem sentido)
3- e puxando a brasa a 'sardinha própria' diverte-me o ar espantado de alguns pais quando marco com eles reuniões para lhes 'dizer bem' dos filhos, talvez não seja prática generalizada (o ar de surpresa na cara deles assim mo faz concluir):)
Como diria a Alice Vieira, um tema que daria uma bela conversa no Café da Natália em S. Pedro de Sintra.
0:)
uma das melhores canções que conheço sobre ser 'maravilhoso' após a morte é a lindíssima 'fallen leaves' da norma waterson.
http://diasquevoam.blogspot.com/2004/12/very-thought-of-you.html
quanto à natália, não me parece ser necessária qualquer justificação, senão ela própria, para lá lanchar :)
http://diasquevoam.blogspot.com/2007/02/o-anjo-pela-berma.html
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