14 de setembro de 2009

NA ROTA DE VELHOS A ANÚNCIOS

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O Tempo das Cerejas.
Era para ser um comentário ao post da T. sobre "Os Brincos de Cereja" de Maria Lamas, a belissima capa de Julio Sousa mas começou a enovelar-se, e enrolar-se e começou por chegar à memória um anúncio publicado num velho “Paris Match”. Chegaram também memórias e canções começaram a entrar nos ouvidos: “Quando chegar o tempo das cerejas e o alegre rouxinol e o melro gaiteiro estiverem em festa as belas terão a alma abrasada e os amantes o sol no coração.”
Depois uma confidência e dirá serenamente: nasceu com a Primavera, os principios da Primavera, mas era neste tempo, no tempo das cerejas que ele gostava de ter nascido. “As estrelas são vivas, mas não valem estas cerejas que como sozinho” e eis já o senhor Pavese a entrar porta dentro. E não lhe perguntem quando florescem as cerejeiras. Os brincos de cerejas que Márcia punha nas orelhas pelas noites quentes de Junho junto ao mar. Que palavra é o silêncio Há cerejas que parecem corações. O contador de cerejas o que diz é pena a época das cerejas ser tão efénera.
“Penso na minha infância. Quando eu era criança do que gostava mais era de cerejas..". Bom dia, Ana Hatherly.
Olhar o aníncio amarelicido pelo tempo, olhar a caixa “gringoire – “Un choix appétissant: graufettes Gingoire cerise, framboise, cassis, citron, vanille, praliné.”. Um reforço da porção de gin e as palavras de Natália Correia “onde a proa do beijo abre as coxas da noite logo um rio aparece”. Natália que, se fosse viva, no passado sábado teria feito 86 anos e ele esqueceu-me de a lembrar. E até era sábado.
Talvez ainda vá a tempo de apanhar o último comboio na tentativa de saber das fomes que se concentram, no vernelho escuro da carne das cerejas. Ou saber do pastor a quem puseram aquelas cerejas vermelhas, e o conelho do poeta para as pintar de outra cor…
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2 comentários:

ruialme disse...

Com a vossa licença, permito-me encaminhar-vos para a tradução q fiz do poema referido neste post: http://ruialme.blogspot.com/2006/04/outros-melros-xxxvi-creio-ser-este.html
(acho q nem ficou muito mal)

gin-tonic disse...

Caro Rui:
Uma das sensações que temos neste blogue é que, correndo atrás dos versos de Eduardo Guerra Carneiro, sabermos, ou pensar que sabemos,de que tudo isto anda ligado.
O seu comentário vai necessitar de um post e não de um comentário. Será apenas o tempo de ele se embrenhar na papelada e encontrar uma fotografia.
Já conhecia a sua tradução para "O Tempo das Cerejas" e, não dominando o francês, considera-a muito bonita e feliz. Soa-lhe bem. Já disse um dia o mesmo à Teresa, que também por aqui viaja, quando ela traduziu "L'Amitié" do Herbert Pagani. Soar bem para ele é uma boa tradução, o resto deixa para os puristas...
Um abraço