3 de agosto de 2009
GOSTAVA DE TER ESCRITO ISTO
“Joana Amaral Dias nasceu em Luanda, de onde escrevo. Acabo de saber que o PS lhe mandou uma carta em papel perfumado. Com letra bonita, ele disse que ela tinha um sorriso luminoso tão triste e gaiato. Mas a essa carta ela disse que não. O PS tipografou um cartão: Por ti sofre o meu coração. Nos cantos pôs sim e não. E ela o canto do não dobrou. O PS mandou-lhe um recado pela Zefa do Sete, pedindo, rogando. Mas ela disse que não. O PS pediu à Avó Chica, quimbanda de fama, que fizesse um feitiço. E o feitiço falhou. O PS prometeu-lhe um colar, deu doces. E ela disse que não... Na verdade, eu não sei bem se o pedido e a insistência do PS foram mesmo assim, mas foi assim que Joana Amaral Dias os badalou. Quando o PS, triste, foi ao baile do Senhor Januério, ela lá estava num canto a rir, contando o seu caso às moças mais lindas do Bairro Operário. Não sei, repito, se tudo se passou assim. Mas gosto de uma campanha eleitoral cantada por Sérgio Godinho e, sobretudo, com letra do luandense Viriato da Cruz (O Namoro, também conhecido como Aí, Benjamim). E outra coisa: no fim (noutra campanha?), ela disse que sim”.
Ferreira Fernandes em “Diário de Notícias”, 3 de Agosto de 2009
Nota: Para ilustrar a crónica de Ferreira Fernandes, foi buscar a contracapa do single “Trovante e Morais Moreira”, gravado ao vivo na Aula Magna em Maio de 1983 e que inclui "O Namoro. Sérgio Godinho tinha incluído a canção no seu álbum “De Pequenino Se Torce o Destino” de 1976. A versão dos “Trovante” ajudou a popularizar a canção, com o público, em coro, a gritar: “Aí Benjamim”. O poema é de Viriato da Cruz e a música é de Fausto.
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2 comentários:
Não concordando bastas vezes com as ideias de Ferreira Fernandes gosto da sua escrita humorada e simples.
Também gostava de ter escrito esse texto.
Também lhe acontece, amiúde, não concordar com o que Ferreira Fernandes escreve, mas nunca deixa de o ler. Cronistas é algo em vias de extinção na imprensa portuguesa. No "Jornal de Notícias" há um outro cronista com leitura obrigatória: Manuel António Pina.
Um abraço
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