11 de maio de 2009
SERVIÇO PÚBLICO
Será, com toda a certeza, muito comovente voltar a ouvir, ao vivo, este basco de voz estranha, dura e amarga, mas sem jamais perder a ternura.
Ele que sempre disse que uma canção se constrói com palavras e música, mas o que verdadeiramente tem uma função, são as palavras, que entende que os poemas não são herméticos, pois a canção primeiro sente-se e depois entende-se, claro que uns entendem melhor do que outros mas em definitivo todos sentem, ele que se diz um tipo que trabalha arduamente naquilo que sabe e pode fazer, e lembra sempre o avô que lhe costumava dizer que falar é demasiado importante para o fazermos continuamente porque quem fala muito, necessariamente, terá de dizer muitas asneiras.
“Já não me tratam em Espanha tão mal como antes. Passei toda a fome que podia passar, fizeram-me todo o mal que podiam fazer. Mas eu não desisti. Segui lutando, fazendo o mesmo. E no fim, as pessoas viram; aquele tipo não faz aquilo por modo, mas porque quer, porque sente.”
Um homem que assim fala, que assim canta, merece que lhe mostrem o quanto isso é bonito, importante. Vamos ter a oportunidade de o voltar a “ouver”. Ninguém sabe se haverá uma próxima. Pois, que se aproveite esta.
13 de Maio – Figueira da Foz
14 de Maio – Lisboa, Cinema S. Jorge
15 de Maio – Porto – Casa da Música
16 de Maio Guarda – Teatro Municipal
Quando Patxi Andion esteve em Lisboa, em Fevereiro de 1974, para um memorável espectáculo no Coliseu, Eduardo Guerra Carneiro reportou para “O Cinéfilo”:
“Quatro mil estavam no Coliseu. Silêncio, luzes e palmas. Toda a força possível: verde que te quiero verde. Estavam todos lá. Com ele. Assim, tudo poderia estar definitivamente em tudo. Todos estarmos em tudo e todos sermos afinal tudo, maneira de dizer: todos com todos. O que sentimos ao sentirmos tudo. Sentimento total.
A palavra exacta, minuto a minuto. Não perder o sentido, a exacta procura de todos, de tudo. A calma violência da total aventura: ondas e não uniforme paisagem. Patxi junto ao mar, a pequena aldeia, a mesa de madeira, o copo de vinho tinto, o sol, a tarde, o domingo a escorrer, como azeite, sobre os homens, as coisas, as palavras. Palavras claras de Patxi que podem corresponder a um copo que se oferece, a uma fatia de pão que se recebe.
Espectáculo? Total Participação? Comoção. Plenitude, talvez. O pão a crescer na terra, o corpo a corpo da poesia e da canção. Um homem simples frente a 4 mil portugueses.”
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Em cima, a capa de um LP, pouco conhecido, de Patxi Andion, uma homenagem a José Maria Iparraguine (1820-1881), “o trovador das liberdades bascas”
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2 comentários:
Esperemos que não decepcione... infelizmente não poderei assistir:(
Há uma loja de roupa para senhoras na Ferreira Borges, que tem na montra o poema (texto) da canção mais conhecida do Patxi.
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