11 de maio de 2009
NOTÍCIA DOS DIAS QUE VOARAM
O “Diário de Lisboa” de 11 de Maio de 1974 trazia uma crónica assinada por Josué da Silva – “As Lágrimas de Tinoco”:
“Tinoco chorou. Chorou convulsivamente, como uma criança assustada ou como um homem à beira do desespero. Vimo-lo nós quando nos deslocámos em serviço à cadeia de Caxias e pudemos espreitar por momentos as celas onde se encontram detidos – quem o diria! – os elementos da PIDE/DGS que foi possível apanhar até agora (…) Tinoco – todos os tinocos da PIDE/DGS – não são homens para arrependimentos, mesmo tardios. É preciso que estejamos atentos às suas lamentações. Com ela pretendem iludir-nos. Iludir o justo preço do seu castigo. Nota-se na maneira como respondeu a uma interpelação nossa um outro agente da PIDE/DGS também ali detido:
“Não fomos nós quem praticou esses crimes. Foi o governo que nos mandava. Nós éramos empregados do governo.”
Sacudir a água do capote. Mas houve quem lhe devolvesse com as palavras precisas: “Nenhum homem que verdadeiramente o seja, aceita um ganha-pão com o qual se assassina e martiriza outros homens”.
O “Expresso”, do mesmo dia, publicava esta pequena notícia:
“A PIDE/DGS, além de poder entrar, em qualquer altura, na casa de toda a gente, tinha, além disso, o privilégio de entra “à borla” nos campos de futebol.
Extinto o tenebroso organismo (apesar de se encontrarem ainda agentes à solta), a Federação Portuguesa de Futebol julgou por bem emitir o seguinte comunicado:
“Para conhecimento geral se informa que, em virtude de ter sido extinta a PIDE/DGS, pela Junta Nacional de Salvação, deve ser considerado sem efeito o nº 21 do Comunicado Oficial nº 11 de 18 de Agosto de 1973, onde se previa o direito de livre ingresso nos campos de futebol aos titulares de cartões passados pela referida Direcção Geral”.
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