21 de maio de 2009

Não quero esquecer...

Image and video hosting by TinyPic
O aroma mágico do café coado a invadir a casa; a chaleira a apitar no fogão; a despensa povoada de doces e compotas feitos pela minha mãe; o açúcar e os figos secos retirados de gavetas pelo merceeiro; a sra. Maria da hortaliça a entrar de carroça junto ao liceu Filipa de Lencastre onde passava parte das férias grandes com a minha tia-avó; vizinhas a conversar, sem pressas, à soleira da porta; as fogueiras dos santos populares quando a rua ainda não era asfaltada e a queima das alcachofras; as amoras apanhadas na companhia de amigos durante as longas tardes de Verão; o carteiro, por vezes tão esperado, a chegar de bicicleta; as aulas de “canto coral” no externato Santa Rita, ao sábado de manhã, acompanhadas por estridentes acordes de piano; um único canal televisivo com o cartaz da semana apresentado pelo simpático Jorge Alves e a TV Rural a fazer crescer a nostalgia de mais um domingo que findava; as idas ao cine-teatro Chaby, hoje demolido, onde os western eram um quase-exclusivo; o antigo telefone onde discávamos os números ou pedíamos à telefonista a ligação; a rádio e a TV a válvulas demorando a funcionar; relógios de corda e, surpresa das surpresas, o espanto inicial das primeiras férias passadas em casa dos amigos agricultores: o fogão a lenha – de onde saíam os mais deliciosos cozinhados, um ferro de engomar a brasas e o cheiro da lareira, alimentada por cepos das vinhas, guardados em enormes cestos de vindima.

5 comentários:

T disse...

É bom desfiar memórias:)

teresa disse...

E esqueci-me de uma para mim tão divertida: pisar uvas no tanque da adega em casa dos amigos (penso que atrapalhava mais do que ajudava, aos 7- 8 anos...):)

Teresa Santos disse...

Que belas memórias, que bom avivar recordações que perduram e que nos alimentam a alma. E Teresa, além do pisar das uvas lembras-te do CHEIRO? Um cheiro que enchia a casa toda, o cheiro do mosto, único, inconfundível!

Teresa Santos disse...

Que belas memórias, que bom avivar recordações que perduram e que nos alimentam a alma. E Teresa, além do pisar das uvas lembras-te do CHEIRO? Um cheiro que enchia a casa toda, o cheiro do mosto, único, inconfundível!

teresa disse...

Lembro sim, Teresa. E lembro também de um doce que a dona da casa fazia com o mosto das uvas (uvada) que ainda impregnava mais a casa com o aroma:)