23 de abril de 2009
INDIGNAR-ME É O MEU SIGNO DIÁRIO
A Câmara Municipal de Santa Comba Dão incluiu a inauguração do Largo António Oliveira Salazar nas comemorações do 25 de Abril. O evento vai contar com a presença da Tuna Santo Estêvão e, segundo o programa oficial, haverá porco no espeto.
O vice-presidente da autarquia, António Correia, garante que a escolha da data para a inauguração do largo não tem qualquer significado político: «Escolhemos esse dia por ser um feriado nacional e por queremos envolver o maior número de pessoas possível. Não há nenhum significado especial nisso».
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10 comentários:
penso que o ditador de santa comba e o porco no espeto são coincidentes
Quando leio a tua caminhada para Abril, penso se não estaremos a caminhar no sentido contrário. E isso inquieta-me. Nunca senti tanta tristeza, raiva e desânimo à minha volta como sinto agora.
Como diz uma amiga minha, a situação actual coincide em muitos aspectos com o ano de 1926.
Acho que a nossa democracia ainda não cresceu o suficiente para convivermos com os períodos menos positivos da nossa história sem que essa convivência alimente fantasmas que já há muito deveriam estar enterrados.
Obviamente, não me identifico com Salazar nem com as suas ideias. Mas há tanta coisa tão importante para fazer na nossa sociedade para consolidar a nossa democracia que, por vezes, questiono-me sobre se a importância que se dá a acontecimentos como este não dos desvia daquilo que são as nossas "tarefas" quotidianas.
No entanto, não deixa de ser estranho aquela inauguração específica ser no dia 25 de Abil.
Das duas uma: ou não se lembram de quem foi Salazar ou já esqueceram o 25 de Abil.
Lembrei-me então de uma crónica antiga do Miguel Esteves Cardoso em que ele escreveu, mas palavra menos palavra, qualquer coisa como: "qualquer dia não faz sentido comemorar o 25 de Abril mais vale abolir o feríado do 25 de Abril e chamar-lhe outra coisa".
Ó Gin-Tonic,
Também eu me ando a indignar diariamente...
É muito grande a minha INDIGNAÇÃO - Não a consigo conter...
Se fosse o primeiro de Abril levava isto como brincadeira. Se é o grande homem lá da terrinha....boa sorte. Quanto aos milhares que sofreram durante a ditadura...que se lixem. Quanto à escolha do dia...é melhor não escrever mais.
Se fosse o primeiro de Abril levava isto como brincadeira. Se é o grande homem lá da terrinha....boa sorte. Quanto aos milhares que sofreram durante a ditadura...que se lixem. Quanto à escolha do dia...é melhor não escrever mais.
Bastaria todos termos olhado à nossa volta - no tempo em que já deveríamos ter consciência - para considerarmos estas comemorações como de muito mau gosto, mas o bom gosto aprende-se e não temos verificado vontade política nesse sentido. As acções foram sempre isoladas, não um plano colectivo e consciente. Era assim antes de 74 e tudo se continua a desenrolar do mesmo modo. Isso explicará aquilo que, à primeira vista, se afigura como amnésia. Quando sentimos na pele como os nossos mais próximos ficaram e estão, até hoje, marcados pela passagem deste senhor de Santa Comba, ainda maior é a revolta, embora bastasse a polícia política, a tortura, a falta de liberdade de expressão, a guerra...
Quanto a não termos - como povo - aprendido a democracia, como refere o ruinzolas, comecei a escrever há dias alguns rabiscos sobre Abril de 74 e registei precisamente a mesma ideia: o que são 35 anos de História? O que são num país, até tão tarde marcado pela iliteracia que não é exclusiva da escola? O que são num país onde andamos todos "mais ou menos", "benzinho", "assim-assim" e "desculpem qualquer coisinha?" e nos sentimos em permanência castigados (o fado? as dores nas cruzes?).
Lembrem-se daquele tal concurso "o português mais notável" ou lá como se chamava, não foi o sr. Oliveira o premiado? Esta comemoração próxima encontra-se em consonância.
Gin-Tonic,
Não consigo conter isto:
O que dizer quando nos apercebemos que os idosos, já com poucas energias para sobreviver, para fazer face aos seus últimos dias, são autenticamente espoliados, “não por falharem o pagamento do impostos, mas apenas porque falharam a entrega de um papel”.(Público- 22 de Abril)
Quando sabemos que um certo cidadão:
« se “esqueceu” de apresentar no Tribunal Constitucional os seus rendimentos. Nesses quatro anos, incluem-se aqueles em que foi Ministro do Ambiente.» (a outra varinha mágica)
Este cidadão com poderes tão especiais, cumpriu os seus deveres, ou o cumprimento de deveres é só para os que considera seus inferiores?
Houve multas?
Se sim, quais os valores???
É que eu não me apercebi. Se houve penalização, nada li.
Só vejo que são IMPLACÁVEIS, com os que estão de despedida, a dizer Adeus à vida…
Já não basta mal reunirem condições para sobreviver - ao suceder dos seus últimos dias - ainda há quem esteja pronto para lhes confiscar os seus últimos sustentos.
Digo e repito: É DESUMANO, DESUMANO, DESUMANO!!!
Aqui deixo o meu FUNDO LAMENTO:
Balada da Neve de Augusto Gil (recriada, transmutada, atendendo à crueldade dos tempos que vivemos)
Batem forte, fortemente,
como quem m’ agride a mim…
Será trovão? Será gente?
Gente só DESUMANAMENTE…
Que o trovão não assusta assim…
E uma infinita tristeza,
uma grande perturbação
entra em nós, fica em nós presa.
Cai - MÁGOA - na Natureza
- e cai no nosso coração.
Foi bonita a festa, pá.
Carlyle, citado por Manuel António Pina, escreveu que as revoluções são sonhadas por idealistas, realizadas por radicais, e quem delas se aproveita são os oportunistas de todas as espécies.
Depois houve alguém que se enganou, como cantava o José Mário Branco.
Anónimo ABRE OS OLHOS, estas bem assim?
Volta Salazar, estás perdoado.
The Traveler
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