5 de janeiro de 2009

pão chocolate

ou shane macgowan e os pogues

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(isto era para ter sido um comentário ao post do gin, mas como não consegui comentar a versão curta, copiei o texto para aqui)

falava o gin a propósito da criatividade do shane macgowan e do acesso de fundamentalismo anti-alcoólico dos pogues.
digamos que a coisa não é assim tão simples.
como diria a linda thompson a propósito da sua vida conjugal com richard thompson (para quem não saiba, o mais importante guitarrista e um dos mais importantes músicos de toda a imensa escola do folk/rock, 'pai' de quase tudo quanto toca guitarra nessa área), 'é impossivel viver com um génio'.
em termos práticos, o que levou os pogues a afastarem shane foi o facto de, depois de vários concertos cancelados por comas alcoólicos e outras cadelas mais ligeiras, shane ter caído dum transporte público no japão e ter sido recambiado para inglaterra para ser internado.
tal como os pink floyd tiveram que continuar amigos do syb barrett, mas tinham uma vida com compromissos a seguir, os pogues tiveram que fazer o mesmo com o shane.
se vivemos em grupo, seja esse grupo de que natureza for, temos que viver dentro dele e não permanentemente fora, como era o caso do shane. por vezes fora da sua própria sanidade, queira isso dizer o que quer que seja.

o disco que fala o gin é, seguramente, um dos mais importantes da música popular e um dos que mais vezes ouvi na minha vida .
na sequência deste disco, os pogues vieram pela primeira vez a portugal. para um absolutamente memorável concerto.
um dos dos melhores a que já assisti na minha vida (e acreditem que já assisti a muitos....).
o ambiente era de tal modo efervescente que a àgua (o suor) escorria pelas paredes do coliseu. um monumental mosh visto de cima.
mais tarde voltei a vê-los na versão pós-shane e continuavam com o mesmo espírito. o concerto do campo pequeno em 93 (acho), comigo na primeira linha junto às grades, foi memorável.

voltando a shane, à sua criatividade e ao seu alcool, se os pogues não ganharam com a sua saída, shane ganhou muito menos.
a sua passagem pelos popes, tendo feito dois bons álbuns (snake e crock of gold), foi efémera, como seria de esperar, e errática (não é possivel marcar concertos nos intervalos dos comas alcoólicos).
o melhor disco dos popes (holloway boulevard) é posterior à saida de shane.
hoje arrasta-se pelos palcos em imagens um bocado patéticas e uma sombra do que foi e pretende continuar a ser.
é possivel que tenha imensa criatividade para escrever.
pode fazer isso sózinho quando está em condições para o fazer.
os seus concertos ou as suas breves aparições noutros eventos é que são coisas a evitar.
e digo isto com imensa pena.
principalmente pelo respeito e admiração pelo seu excelente trabalho e pelos imensos bons momentos que me deu.

em jeito final, shane a cantar num pub e a excelente voz da sua mãe therese.

(rum, sodomy and lash é o nome de um excelente álbum dos pogues e uma frase que a lenda atribui a winston churchill: 'don't talk to me about naval tradition. tt's nothing but rum, sodomy, and the lash')

2 comentários:

gin-tonic disse...

Ideia feliz a que tiveste quando optaste por um "post" em vez de um comentário.
Também ele esteve nesse concerto, coisa rara, porque não é muito de concertos, uma mão chega para contar os que viu. Mas foi, realmente, um concerto memorável. Gentes qua acompanham estas coisas disseram-lhe que foi dos mais espectaculares concerto dos "The Pogues"
Quanto ao resto tens inteira no que dizes, daí a importância do teu "post". O comentário que fez tem mais a ver com solidariedade bacoca que, normalmnete, tem para com bêbados e por quem se dá com cães vadios. Ficou chatiado e afastou-se da história.Com um elevado grau de imbecilidade não mais quiz saber dos "The Pogues" sem Shane McGowan. Claro que isto não o abona em nada mas tem destas pancadas e não tem qualquer dificuldade que tens toda a razão no que dizes.
Há disparates que provocam coisas bonitas.
Ah! E a ilustração que escolheste para o "post" é uma maravilha!

carlos disse...

voltando à cold cow.
se ficaste tão chateado por o shane ter sido afastado dos pogues, podes voltar a sorrir, porque desde eles estão reunidos novamente desde... 2001.e com a sua formação mais carismática: shane macgowan, spicer stacy, philip chevron, terry woods, james fearnley, jem finer, andrew ranken e darryl hunt.
todos os fizeram parte da fundação em 1982 e mais as entradas posteriores de 85 (chevron) e 86 terry woods (que veio dos steeleye span) e darryl hunt.
com a saída do shane em 91 ainda fizeram alguns concertos com joe strummer como vocalista. ele que tinha sido um ídolo para os mesmbros dos pogues, passaram a tê-lo como front man...

ao mesmo tempo, e como cada um deles tem a sua vida, não obstante uma agenda carregadíssima de concertos, o shane integra a sharon shannon big band com ele, shane, damien dempsey, dessie O halloran com quem vai entrar em digressão (os pogues intervalam durante 2 meses para arrancar em março uma digressão americana) para o grande espectáculo da galway girl.

em adição, naquele pequeno filme após o concertos dos popes que tem o link no post, aparece, junto com o shane um outro igualmente numa espécie de coma alcoólico.
é tom 'animal' mcmanamon que dizia, por piada, ter nascido no halloway road pub em londres (por acaso um nome parecido com o titulo do trabalho pós-shane dos popes hollowy boulevard).
tom macmanamon era um fabuloso tocador de banjo. tocou com gente tão diferente como os pogues, u2, sinead o'connor, depeche mode ou joe strummer.
morreu em dezembro de 2006 depois de muito tempo doente.

e pronto lá volto aos comentários lencol...