2 de janeiro de 2009

ISTO ANDA TUDO LIGADO



Há cinco anos, corriam as primeiras horas de um novo ano, quando o poeta e jornalista
Eduardo Guerra Carneiro, envolvido por uma imensa amargura, cansado de muita coisa, cansado de estar por aqui, se mandou da janela para o pátio da casa onde vivia em Lisboa. A notícia quase foi isso.
Baptista-Bastos, recornando o amigo e camarada de profissão, titulou um artigo no “Público” : “O poeta que se atirou para o céu”
Eduardo Guerra Carneiro deixou passar o Natal, sabe-se lá porquê, para se suicidar.
“Era previsivel”, disseram os amigos que lhe eram chegados. Pareceia ser esse o caminho por ele traçado, depois de uma filha assim o ter deixado.
A pouco e pouco foi dizendo “escrevo com medo de ser tarde”.
Marilyn Monroe, actriz que ele muito venerava e amava, também ela um dia deixou escrito, ou num dia qualquer, com alguém desabafou: “É Natal! Quem tenho? Ninguém! Para que preciso de viver?"
Sempre gostou muito de Eduardo Guerra Carneiro. Ao longo destes cinco anos em que nos deixou, aos seus livros tem recorrido e pena tem que tão poucos o conheçam: “vivia dos cafés e das conversas, de uma poesia lírica feita na continuação do mesmo gesto imparável de viver, vivia de um desarrumada ligação entre a vida e letras, letras e tinta, rotativas e provas. E a sua morte escolhida prolonga a sua arte, ele tantas vezes abandonado a si mesmo, indefeso, estóico, solitário, libertário e tímido, rapaz para sempere de província apostrofando a desordem da cidade”, escreveu Jorge Sila Melo.
Em 1970 publicou um livro a que chamou “Isto Anda Tudo Ligado”. E deste título se passou a fazer remate para conversas e prosas. Sim, isto anda tudo ligado, como dizia o poeta.

Foi então que o barulho das luzes começou a sentir-se.
Foi então que o barulho das luzes começou a crescer.
Foi então que o barulho das luzes começou a entusiasmar.
Qual a cor das luzes do futuro?

No seu livro “O Revólver do Repórter” deixou escrito:“Abro as janelas para o rio, meto o papel na máquina, acendo um cigarro e penso: “Que grande solidão!”

4 comentários:

Anónimo disse...

esta colecção dos cadernos peninsulares tinham livros excelentes.
escelentes recordações.
do eduardo guerra carneiro
e dos cadernos peninsulares

carlos disse...

escelentes?
mmm
ts ts ts

T disse...

Engraçado a googlar vi a a foto do E G C. Lembro-me muito bem dele do Fidalgo.

Luís Bonifácio disse...

Grande Eduardo!

Que falta fazes