7 de dezembro de 2008

Dia sete

É que apesar de frio e chuva, anestesiada com Ben-U-Ron, saio do trabalho e vou espreitar a Festa do Livro à Gulbenkian. Um desperdício de tempo. Fraca e cara a mostra. Desisto e entro para o autocarro. Vazio de histórias e de passageiros.
Saio na Avenida João XXI para ir visitar uma fantástica loja de brinquedos. Fico hesitante. É tudo tão bonito. Ficará para depois a decisão. Depois passo pela Barata e pela Bertrand, compro o último Zafron e oferecem-me um livro. A opção é entre um do Vasco Graça Moura e outro policial. Claro que adivinham a minha decisão. Ao meu lado uma senhora já com alguma idade, muito arranjada, de chapéu e gabardine tigrada mas em bom, revê cuidadosamente as compras. Tudo livros que li e de que gostei. Aprovo mudamente, enquanto ela tranquila aguarda a vez. Transmite-me paz ver a mão enrugada a preencher lentamente as etiquetas com os nomes dos destinatários.
De saída, passo pela Zara Home, tudo igual, tudo quase às moscas como todas as outras lojas.
Um novo autocarro se perfila. Cheio mas silencioso. As pessoas andam tristes, não sei bem porquê. Talvez pela chuva ou talvez pelo Ben-U-Ron que tomei e me tolda.
A cidade anda estranha e eu acompanho-lhe o ritmo.

4 comentários:

gin-tonic disse...

Escreve a T.: "tudo quase às moscas, as pessoas tristes."
O eco de uma conversa havida com o Mário, corria Dezembro já não lembra há quantos anos, sabe apenas que ele já não anda pela "Terra da Alegria: "- Olha lá, tu achas que o Natal com as pessoas sem terem dinheiro para prendas é Natal? E achas que era isto que tu e eu e os portugueses queríamos a 25 de Dezembro de 1974?"
Pensar ainda que nunca descolamos da crise. Ontem, hoje, amanhã...

teresa disse...

... e eu que tenho mesmo de lá ir, mesmo que os livros não sejam dos mais interessantes (se não leio alguns calhamaços que por lá há, corro o risco de ter um ano de licença absolutamente improdutivo, sniff...)

T disse...

A Feira tá uma grande porcaria. E os preços altíssimos. Enfim...

T disse...

Gin as pessoas andam tristes sim. Não é só a falta de dinheiro, mas sim a instabilidade a todos os níveis.